Diário de Notícias

Irmãos Costa, os mais recentes campeões do mundo de vela

Pedro e Diogo festejaram o título mundial em San Remo e apontam agora aos Jogos Olímpicos de 2020. Chegam hoje ao Aeroporto Sá Carneiro e esperam condecoraç­ão de Marcelo

- ISAURA ALMEIDA

São irmãos e ontem sagraram-se campeões do mundo de vela classe 420 (vertente pré-olímpica num barco com quatro metros e 20 centímetro­s). Pedro e Diogo Costa terminaram as duas últimas regatas do mundial em 3.º e 8.º e assegurara­m o lugar mais alto do pódio em San Remo (Itália). Hoje chegam às 17.00 ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.

Ofegante e apenas uma hora depois de se sagrar campeão do mundo, Diogo Costa procurava palavras para definir o que lhe ia na alma. “É difícil explicar, é impression­ante, é um sonho realizado. Um sonho que tínhamos como objetivo, mas que sabíamos que ia ser muito difícil... eu ainda não caí em mim, mas o meu irmão já está a festejar que nem um louco [risos]”, contou o jovem velejador ao DN.

Fazer dupla com o irmão “é complicado”, pois acabam por fazer a mesma vida 24 horas por dia. “Juntos em casa, juntos quando vamos para fora, juntos no barco, estamos sempre juntos e às vezes é complicado, mas damo-nos muito bem e formamos uma grande dupla”, confessou Diogo, lembrando que momentos como o de ontem fazem ainda “mais sentido” quando partilhado­s com o irmão e “compensam tudo”.

Partiram para a última regata a dez pontos da dupla francesa, mas tinham o trabalho de casa feito e por isso sabiam que podiam vencer. “Acreditámo­s sempre. Sabíamos que os franceses não eram muito fortes com as condições que nos esperavam. Sabíamos que ia ser muito difícil, até porque os americanos estavam muito próximos de nós e a andar muito bem – acabaram por ficar em segundo –, mas demos o litro e conseguimo­s”, explicou o atleta.

O irmão, Pedro Costa, também ficou com a sensação de dever cumprido: “Concretizá­mos o nosso sonho. Viemos para o Mundial com expectativ­as menos elevadas, mas conseguimo­s superar-nos.”

Já o presidente da Federação Portuguesa de Vela não podia estar mais feliz com o título mundial. José Manuel Leandro apelidou o triunfo dos irmãos Costa como “uma vitória contra a falta de condições” e apoios. “Muitas das despesas destes atletas são do bolso deles. Tudo isto se deve muito também aos pais e aos clubes que estão por detrás destes resultados. Torna-se ainda mais saboroso e fico mais contente porque é um esforço de muita gente, que devia ser acompanhad­o pelo Estado e muitas vezes não é”, queixou-se.

Já a pensar em Tóquio 2020 Depois de se sagrar campeã mundial, a dupla portuguesa também campeã nacional já trabalha num plano olímpico. “Agora vamos passar para uma classe olímpica e tentar o apuramento para os Jogos de Tóquio 2020. Já temos um projeto montado e vamos tentar fazer o melhor possível nos próximos qua- tro anos e continuar a fazer vida da vela, que para nós é a ‘bela da vida’ e continuar este sonho”, revelou Diogo Costa, ansioso por treinar na classe olímpica (460).

E é possível viver da vela em Portugal? “É muito difícil, mas é possível. Ainda hoje [ontem] estive a falar com um senhor português que ganhou uma medalha olímpica e foi recebido pelo Presidente da República, e que vive da vela, por isso dá, com muito trabalho, empenho e gosto, claro”, respondeu Diogo Costa, que já anseia pelo telefonema ou condecoraç­ão de Marcelo Rebelo de Sousa: “Vamos ver, a nossa parte está feita. Somos campeões do mundo.”

Diogo e Pedro Costa treinaram quatro dias em Valência antes de rumar a San Remo, onde terminaram o mundial de 420 em 1.º lugar, seguidos dos americanos­Wiley Rogers/Jack Parkin e dos gregos Vasilios Gourgiotis/Orestis Batsis. Ainda no Grupo de Ouro da frota Open, os portuguese­s Tomás Barreto/João Prieto foram 23.º, Rita Lopes/Pedro Cruz ficaram em 35.º lugar e João Bolina/Francisco Rodrigues acabaram em 45.º.

Presidente da Federação de Vela elogia esforço financeiro de atletas

e clubes

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Pedro e Diogo Costa competiram na vertente Classe 420 e agora querem dar o salto para uma classe olímpica

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