O dia da consagração de Froome com fortes medidas de segurança
Britânico é o virtual vencedor do Tour e vai celebrar hoje nos Campos Elísios. Atentado de Nice obriga a segurança redobrada
NUNO FERNANDES Chris Froome será hoje coroado com quase toda a certeza vencedor da Volta a França em bicicleta na tradicional chegada do pelotão aos Campos Elísios (mantém 4.05 minutos de vantagem sobre o francês Romain Bardet), em Paris. Na sequência do recente ataque terrorista ocorrido em Nice, as autoridades francesas montaram uma enorme operação de segurança para a derradeira etapa do Tour, com policiamento permanente e contínuo na cidade.
Os Campos Elísios vão estar circunscritos por um perímetro vedado por barreiras, no qual, à exceção de restaurantes e bares, vão ser proibidas bebidas alcoólicas e garrafas de vidro e as esplanadas vão ficar sem cadeiras, mesas e chapéus-de-sol, considerados possíveis armas de arremesso. Igualmente proibidos vão estar artefactos pirotécnicos, armas de fogo, mas também símbolos de ideologia racista ou xenófoba. A polícia francesa vai proceder “ao controlo de identidade das pessoas, qualquer que seja o seu comportamento”, prevendo ainda revista a bagagens e a viaturas paradas ou estacionadas nas vias públicas.
Desde ontem que o estacionamento nas zonas circundantes aos Campos Elísios estavam vedadas e neste domingo o trânsito será fechado em várias zonas da cidade de Paris – as estações de metro Concorde e Tuileries estarão também encerradas.
Mais de 23 mil polícias e militares encarregaram-se da segurança do Tour, desde 2 de julho, numa edição em que a ameaça terrorista fez com que pela primeira vez o grupo de intervenção especial GIGN fosse chamado a estar presente na maior prova velocipédica do calendário mundial.
A etapa de ontem, uma ligação de 146,5 km entre Megève e Morzine-Avoriaz, foi ganha pelo basco Romain Bardet , que concluiu a tirada em 4.06.45 horas, menos 19 segundos do que o colombiano Jarlinson Pantano (IAM Cycling), segundo classificado, e 42 do que o italiano Vincenzo Nibali (Astana), terceiro. O português Rui Costa (Lampre-Merida), que ainda esteve alguns quilómetros integrado num pelotão em fuga, acabou na quinta posição.
Chris Froome foi o 20.º ciclista a cortar a meta, a 4.18 minutos do vencedor, mas assegurou virtualmente o seu terceiro triunfo na Volta a França, depois dos êxitos de 2013 e 2015, mantendo 4.05 minutos de vantagem sobre o francês Romain Bardet (AG2R), segundo na geral, e 4.21 sobre o colombiano Nairo Quintana (Movistar), tercei-
Froome foi 20.º na etapa de ontem, mas manteve as distâncias ro. Este será certamente o pódio a que se vai assistir esta tarde na capital francesa. Feliz como da primeira vez Hoje, na derradeira etapa, o britânico de 31 anos nascido no Quénia, que representa a Sky desde 2010, terá o seu momento de consagração na tirada de 113 quilómetros entre Chantilly e os Campos Elísios, em Paris. E ontem já falou como vencedor da prova.
“Estou tão feliz como no meu primeiro Tour. O sonho de qualquer ciclista é chegar a Paris vestido de amarelo. Espero competir no Tour mais cinco ou seis anos e conseguir lutar pela vitória. Hoje [ontem] o último quilómetro foi emocionante e pensei nas três semanas em que demos tudo. É uma sensação incrível ganhar de novo e sinto-me um privilegiado por liderar esta equipa”, referiu aos jornalistas no final da etapa que terminou em Morzine-Avoriaz.
Chris Froome relatou depois como um dia vai descrever ao seu filho Kellan (de sete meses) mais esta glória em terras francesas. “Vou contar-lhe como esta prova foi espetacular, com momentos incríveis em algumas etapas inesquecíveis nas descidas, como aquele sprint do Peter Sagan. Foram cenários que não se podem preparar, simplesmente acontecem durante a corrida. É formidável ter participado em todos os episódios”, relatou o britânico, admitindo que depois da queda na etapa de sexta-feira sentiu “algumas dores” e que de noite estava “exausto emocionalmente”. “Mas dormi bem e hoje [ontem] tive um bom dia”, concluiu Froome, com um sorriso nos lábios.