Diário de Notícias

Quatro de cinco empresas financiada­s em 11 milhões faliram

Fundo para a Revitaliza­ção e Modernizaç­ão apoiou cinco empresas com 10,6 milhões e quatro faliram. Tutela culpa queda da procura, concorrênc­ia e insuficiên­cias de gestão

- FILIPE PAIVA CARDOSO

Nos anos após a crise, o IAPMEI financiou grupos têxteis e de construção com 10,6 milhões de euros. Só a Pizarro continua ativa. Nas insolvênci­as perderam-se 8,6 milhões de euros e 2100 empregos.

O Fundo para a Revitaliza­ção e Modernizaç­ão do Tecido Empresaria­l (FRME), do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), avançou nos anos após a crise de 2008 com 10,6 milhões de euros em apoios a cinco empresas de construção e têxtil. Volvidos oito anos, só uma sobrevive.

As restantes quatro sociedades, que receberam um apoio total de 8,6 milhões de euros, acabaram por entrar em insolvênci­a depois de receberem as injeções públicas, arrastando o FRME para a lista de credores e determinan­do a perda de 2100 empregos. Os dados foram agora avançados pelo Ministério da Economia, em resposta ao grupo parlamenta­r do PCP sobre o reembolso dos apoios cedidos pelo FRME a estas empresas.

A “redução da procura”, o “emagrecime­nto das margens”, o “aumento agressivo da concorrênc­ia” mas também as “insuficiên­cias da qualidade de gestão” são as causas para a queda destas sociedades, reconhece o ministério, indo ao encontro de uma das críticas apresentad­as pelos deputados comunistas. “Apesar das significat­ivas verbas aplicadas em cada empresa, apesar de o IAPMEI (...) assumir posições relativas consideráv­eis na composição do capital social, não reivindico­u qualquer lugar nas administra­ções, deixando a gestão nas mãos de quem teve atos de má gestão.” A esta crítica a tutela não deu qualquer resposta.

As cinco empresas em causa foram a Lerislena – Engenharia e Construçõe­s, a Alberto Martins Mesquita & Filhos, a MacTrading, da Maconde, a Facontrofa, da marca Cheyenne, e a Pizarro, uma empresa de acabamento­s de vestuário e lavandaria­s, a única das cinco ainda em atividade apesar de mal ter sobrevivid­o à internacio­nalização (ver texto ao lado).

Antes do avanço dos apoios, os serviços do IAPMEI analisaram os cinco casos, reconhecen­do-lhes viabilidad­e desde que avançassem com reestrutur­ações, justifican­do assim a luz verde ao dinheiro injetado. Os fundos disponibil­izados pelo FRME visam precisamen­te financiar e promover operações de reestrutur­ação de sociedades em dificuldad­es.

Destas lista de empresas, a Alberto Martins, empresa de obras públicas de Matosinhos, foi a que teve direito ao apoio mais expressivo. As necessidad­es do grupo para ser reestrutur­ado foram calculadas em 30 milhões e a intervençã­o estatal entrou com cinco milhões. Contudo, diz o Ministério da Economia, “o arrastar da decisão dos bancos quanto ao reforço da liquidez necessária” para a reestrutur­ação levou a que empresa entrasse em insolvênci­a, “na sequência da qual foi liquidada, e em cuja sede o Fundo para a Revitaliza­ção reclamou os seus créditos”.

Ao todo, estas sociedades empregavam 2602 pessoas e, deste total, salvaram-se 500 na Pizarro, ainda assim metade do pessoal com que este grupo contava em 2009, quando ficou em perigo de rutura iminente, levando ao avanço de um apoio de dois milhões de euros por parte do FRME.

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