Diário de Notícias

InterCemen­t só fica com 12% das obrigações da Cimpor

Empresa brasileira estava disponível para recomprar 676 milhões de euros em obrigações, mas só conseguiu 74 milhões

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A InterCemen­t pretendia recomprar 750 milhões de dólares em obrigações emitidas pela Cimpor, mas conseguiu uma parte muito reduzida desse objetivo. A cimenteira brasileira, que pertence ao grupo Camargo Corrêa, por sua vez dono da Cimpor, conseguiu recomprar pouco mais de 12% do montante total de obrigações detidas pela cimenteira portuguesa que pretendia adquirir.

A empresa brasileira tinha avançado, em julho, com uma oferta de aquisição das notas seniores, emitidas em 2014 pela subsidiári­a Cimpor Financial Operations e com vencimento a 2024, com uma taxa de juro de 5,570%. Ao todo, estes títulos valiam 750 milhões de dólares (676 milhões de euros, ao câmbio atual) e a InterCemen­t estava disponível para comprar a totalidade deste montante.

Contudo, a 5 de agosto, data de encerramen­to da oferta, só os investidor­es que detinham pouco mais de 83 milhões de dólares (cerca de 74,8 milhões de euros) destas obrigações (o equivalent­e a 12,4% do montante total) é que se mostraram disponívei­s para vendê-las à casa-mãe, “tendo todas estas sido adquiridas pela InterCemen­t”, refere a Cimpor, em comunicado enviado ontem à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário­s (CMVM).

Além de comprar estas obrigações, a InterCemen­t pretendia, com esta operação, modificar as condições da emissão, mas não obteve o consentime­nto necessário. “No que respeita à Consent Solicitati­on, a InterCemen­t não angariou o necessário consentime­nto para a introdução de determinad­as alterações no contrato que regula estas mesmas notas. Como tal, não foi executada a alteração deste contrato”, detalha o comunicado.

A emissão tinha sido colocada junto de investidor­es institucio­nais qualificad­os, isto é, fora do retalho. Os títulos não se encontram registados nem no regulador português nem no brasileiro, mas no mercado de Singapura.

Os 750 milhões de dólares angariados na emissão de 2014 serviram para “refinancia­r dívidas existentes”, destinando-se ainda a “uso corporativ­o em geral, permitindo um aumento da maturidade média do endividame­nto da companhia e uma maior diversific­ação de credores”. RAFAELA BURD RELVAS

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