PT. Lesados do Deutsche Bank avançam para tribunal
Cerca de 260 investidores registaram perdas de mais de 80% com produtos estruturados
O grupo de lesados pelo Deutsche Bank quer avançar com um processo contra o banco alemão depois de terem recuperado apenas 12,5% do capital investido num produto estruturado, com base em obrigações da PT Finance, empresa do universo da Oi. “Não temos conhecimento dessas intenções”, reagiu fonte oficial do Deustche Bank, imputando as perdas à recuperação judicial da operadora brasileira.
O grupo, que já reúne mais de 260 clientes do banco alemão, associou-se ao gabinete de advogados Macedo Vitorino & Associados, em mãos com outros casos de investidores detentores de produtos complexos assentes em obrigações da PT Finance ou com este tipo de títulos em cabaz. A maioria dos investidores do grupo de lesados subscreveu a Notes db Rendimento Portugal Telecom 2020. “É uma emissão de 100 milhões de euros. Não estamos contra a Oi nem contra a PT Finance. Mas houve um intermediário que teve um lucro com a venda aos balcões de uma obrigação institucional”, afirma Paulo Gomes, representante do grupo de lesados. Em média, os lesados investiram 100 mil euros neste produto, num total entre 15 e 20 milhões. Os obrigacionistas lamentam ainda não terem sido informados pelo banco de que os títulos tinham passado a ter uma empresa brasileira “que tem uma operação em reais e não em euros” como garantia. “Muitos dos lesados ainda não perceberam como a obrigação foi parar ao Brasil”, diz Paulo Gomes. Esse produto afirmava no prospeto ter capital garantido, afirma o grupo de lesados. Informação desmentida pelo banco alemão. “Não é verdade que se tenha comercializado o produto como ‘capital garantido’.” Quanto às perdas de mais de 80% foram consequência da “desvalorização da obrigação resultante da falência da Oi, e naturalmente não é do Deutsche Bank”, reforça fonte oficial do banco alemão.
Efetivamente, depois de a recuperação judicial da operadora brasileira Oi ter sido considerada em julho um evento de crédito pelo Comité de Decisões da Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA), tendo definido em leilão que os títulos valiam 20% do seu valor nominal de emissão, os bancos começaram a fazer o reembolso antecipado dos produtos no mínimo com perdas de 80% para os clientes. Valor que pode aumentar quando contabilizados os custos de desmontagem dos produtos. No caso do Deustche Bank, diz Paulo Gomes, os clientes só irão recuperar pouco mais de 10% do montante investido. “Foi o produto que teve a desmontagem mais cara: 12,5% foi o valor que os investidores vão recuperar de um produto com capital garantido”, lamenta.
O Haitong, outro dos bancos que comercializaram produtos complexos com obrigações da PT Finance, fixou o valor do reembolso da Series 736 – CLN Portugal Telecom International Finance BV 2018 em 19,477% do valor nominal. O reembolso foi feito no dia 5 deste mês.