Mudar de paradigma no ensino
Desde o início do mês, as principais cadeias de distribuição têm vindo a desen-
volver campanhas agressivas de vendas de manuais. Infelizmente, os gastos com material escolar são extremamente elevados e tendem a aumentar em proporções superiores às restantes rubricas de despesa. Apesar dos elevados recursos despendidos pelas famílias, os estudos empíricos evidenciam que a capacidade de aprendizagem e o desempenho dos alunos não são influenciados pelo uso de manuais escolares. De facto, o que os estudos reforçam é a importância dos currículos e da interação entre professores e alunos. Assim sendo, numa altura em que mais de 90% das crianças e jovens em idade escolar dispõem de portátil e internet, existem meios de ensino mais eficientes do que os livros escolares, com especial destaque para a plataforma Moodle, as apresentações Power Point (devidamente preenchidas com links de sites úteis para pesquisa) e inclusivamente a possibilidade de recorrer a fotocópias de um conjunto alargado de fontes, o que diversificaria a base de estudo. Mais do que procurar criar bancos de livros ou concedêlos de forma subsidiada, importa criar condições sustentáveis para que Estado e famílias não gastem os seus parcos recursos em instrumentos que não melhoram a qualidade do ensino. À semelhança do que ocorreu na indústria farmacêutica com os genéricos, nesta área poderiam ser implementadas reformas da mesma natureza que reduziriam as faturas das famílias ao final do ano. Além disso, o abandono escolar precoce seria reduzido, uma vez que muitos alunos são impelidos a abandonar a escola, por pressões financeiras, de famílias endividadas e muitas das vezes desestruturadas.
João António