Premiar os melhores
Tratar diferente o que é diferente, premiar as melhores práticas e os melhores profissionais, fazer bem aproveitando plenamente os recursos. Há muitas coisas que funcionam bem na Saúde – a começar pela possibilidade que todos têm de se tratar, de aceder a serviços médicos de qualidade –, mas se não se alterar determinadas práticas corremos o risco de ver o Serviço Nacional de Saúde degradar-se até ao ponto em que só serve quem não tem no privado uma alternativa. Essa reforma tem de passar por um entendimento de que não se pode continuar a tratar como igual aquilo que é diferente – chama-se a isto discriminar positivamente e passa, por exemplo, por reconhecer e premiar o bom trabalho. Por criar incentivos para médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, por mostrar aos profissionais que aquilo que fazem vale a pena, que são fundamentais, e ter capacidade para segurar os melhores no serviço público. Constantino Sakellarides explica-o bem na entrevista que pode ler nas páginas anteriores a esta. Mas há uma outra face desta reforma que é igualmente fundamental: garantir que o dinheiro é bem distribuído. É preciso não esquecer que este serviço tem contornos especiais: não se trata de algo de que as pessoas podem simplesmente prescindir. São elas a prioridade absoluta, mas há que tratá-las com eficiência e eficácia. Ou seja, há que potenciar o Serviço Nacional de Saúde de forma a que falhe o mínimo possível – não permitir que se ultrapassem os prazos considerados aceitáveis para consultas, tratamentos e cirurgias, garantir que os meios (profissionais, salas, material) são utilizados sem desperdício. Se um hospital tem resultados melhores do que todos os outros da região, se consegue fazer mais, ter taxas de sucesso superiores, ponhase os olhos no que ali se faz de diferente e aprenda-se com o exemplo. Replique-se noutros. E dê-se-lhe uma maior fatia do bolo orçamental para que possa cumprir ainda mais e melhor.