Onde antes era uma agência agora é um centro de análises
Em algumas zonas, como a de Alcântara, houve agências que encerraram e outras, de outros bancos, que abriram
Onde antes era uma agência do BPI, na Rua José Dias Coelho, em Alcântara, há agora um laboratório de análises clínicas a funcionar. E não é caso único. Nos últimos anos, naquela zona da freguesia – e em muitas outras zonas de Lisboa – encerraram pelo menos três agências bancárias, mas em troca houve duas novas que abriram e, por isso, o balanço parece não ter trazido qualquer incómodo à população ou ao comércio da zona. Na rua, à pergunta, quem passa encolhe os ombros. “Não teve impacto”, é a conclusão geral.
É essa também a perceção do presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado. “Não houve quaisquer constrangimentos por causa disso”, assegura ao DN. Até porque, explica, já depois de terem fechado naquela zona três agências bancárias – do BPI, do Millennium BCP e do antigo BES – também abriram pelo menos outras duas, do Banco Popular e do Santander, e as coisas ficaram ela por ela naquela zona da cidade.
Por outro lado, “a Caixa Geral de Depósitos, onde as pessoas recebem as suas pensões e reformas, mantém-se aberta nesta zona. Portanto, não houve qualquer alteração”, sublinha o autarca.
Há cerca de um ano, já depois de o Millennium BCP ter fechado a sua dependência na Rua Luís de Camões, a outra que o mesmo banco tem no Calvário encerrou durante um mês para obras e aí, sim, Davide Amado recorda “que existiu algum constrangimento, sobretudo para os comerciantes da zona, porque o Calvário é uma zona de muito comércio, onde converge muita gente”. Mas, nota, “foi só durante um mês, por causa das obras, depois o banco reabriu e assim se mantém”.
Banco também significa, afinal, a disponibilidade de uma caixa multibanco e, ter à mão esse serviço numa zona de muito comércio como é a do Calvário, acaba por ser essencial para todos: comerciantes e clientes. Transporte comunitário ajuda Alcântara, com quase 14 mil habitantes, “tem uma população muito envelhecida”, reconhece o presidente da junta de freguesia. E isso levanta, entre outros, problemas de mobilidade para muitas pessoas, sobretudo para as que vivem nas áreas menos servidas de transportes públicos, pelo que a junta decidiu criar há ano meio um serviço de transporte comunitário.
Trata-se do Azulinho, um pequeno autocarro de 17 lugares, que funciona de segunda a sexta-feira, entre as 08.00 e as 18.00, e que percorre toda a freguesia com paragens certas no mercado, nos correios, no centro de saúde, junto de farmácias e dos bancos. “Temos uma média mensal de três mil pessoas a usar este serviço que, claramente, veio responder a um problema que tínhamos aqui”, explica Davide Amado. Para Vladimir, que vive em Alcântara há mais de 50 anos – “vim para aqui com 24”, diz a sorrir – ir ao banco “não é um problema”, garante. Tem conta no Novo Banco e como não tem internet em casa, se precisa de alguma coisa, lá vai ele. “O meu filho tem internet, e ele usa para as coisas no banco, eu não”, confessa este antigo técnico de estruturas da aviação civil que agora está reformado. Problemas por causa das agências bancárias que fecharam na zona não teve, nem conhece quem tenha tido.
“O grande problema”, assegura, “foi outro, foi o BES ter rebentado. Eu ainda fiquei a perder, vamos lá ver o que isto vai dar”, desabafa.
Num café próximo, Hugo, empregado de mesa, também não notou nada de problemático no fecho de agências bancárias na zona. “A única coisa foi que as pessoas que lá trabalhavam deixaram de vir aqui, temos menos esses clientes”, reflete. Mas isso, afinal, também aconteceria com empregados de qualquer outra loja da zona que também tivesse encerrado portas. FILOMENA NAVES
Caixa Geral de
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