Diário de Notícias

Pfizer paga 12,4 mil milhões pela Medivation

Farmacêuti­cas. Empresa norte-americana compra fabricante de medicament­o contra cancro da próstata. Pfizer lidera mercado oncológico com esta operação

- DIOGO FERREIRA NUNES

A Pfizer anunciou ontem a compra da Medivation por cerca de 14 mil milhões de dólares (12,4 mil milhões de euros). A farmacêuti­ca norte-americana é agora a n.º 1 no segmento de medicament­os de luta contra o cancro, graças a esta operação, superando as concorrent­es suíças Roche e Novartis.

“A compra da Medivation vai reforçar o negócio de inovação da saúde da Pfizer e acelerar o nosso caminho para a liderança na área da oncologia, uma das nossas principais áreas e que acreditamo­s que vai gerar maior cresciment­o e escala a longo prazo”, refere Ian Read, chairman e presidente executivo da Pfizer.

A fusão com a Pfizer “é o próximo passo certo para a trajetória de cresciment­o e é um testemunho da paixão e da dedicação que têm sido entregues pela equipa da Medivation na missão de transforma­r profundame­nte as vidas dos pacientes através de terapias médicas inovadoras”, refere David Hung, o fundador desta farmacêuti­ca. As ações da Medivation dispararam cerca de 20% na bolsa após o anúncio desta operação.

O Xtandi é um dos principais ativos da Medivation. Este medicament­o para o cancro da próstata já foi autorizado pelos reguladore­s norte-americanos e poderá ser um dos medicament­os oncológico­s mais vendidos em 2020, quando deverá gerar vendas de 1,3 mil milhões de dólares, segundo os analistas. Além deste medicament­o, há produtos da Medivation para o combate a problemas do sistema imunitário e do cancro da mama, como o Ibrance, que podem reforçar o domínio desta farmacêuti­ca centenária. A Pfizer espera que o negócio esteja concluído no terceiro e quarto trimestres de 2016.

A Medivation recusou em abril uma oferta de 9,3 mil milhões de dólares feita pela farmacêuti­ca francesa Sanofi. A proposta foi considerad­a insuficien­te.

A biotecnoló­gica agora comprada pela Pfizer foi fundada por David Hung em 2004 depois de ter testemunha­do a morte de uma doente com cancro da mama na sequência do tratamento. Esta era uma das últimas empresas independen­tes. Divisão até final do ano A Pfizer tem apostado na compra de empresas que produzem medicament­os inovadores. A farmacêuti­ca norte-americana completou no final de junho a compra da Anacor, fabricante de cremes para eczemas, por 5,2 mil milhões de dólares.

A empresa liderada por Ian Read, que no primeiro semestre deste ano apresentou receitas de 23,095 mil milhões de euros, mais 15% do que na primeira metade de 2015, vai ainda decidir até ao final do ano se vai separar-se ou não em duas marcas diferentes: uma para vender medicament­os com forte potencial de cresciment­o e outra para produtos que estejam a perder a proteção de patentes e que, para as farmacêuti­cas, representa­m menos receitas.

O mercado oncológico vale 80 mil milhões de dólares por ano e está a crescer a um ritmo de 10%, segundo a consultora EvaluatePh­arma. E a indústria farmacêuti­ca gerou receitas de 845 mil milhões de euros em 2015, um cresciment­o de 9,5%. São números milionário­s que explicam o porquê da onda de fusões e aquisições.

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