Extremista islâmico admite ter destruído mausoléus
TOMBUCTU Acusado de ter destruído monumentos históricos do Mali, o extremista islâmico admitiu ontem, ao Tribunal de Haia, a culpa
Um extremista islâmico do Mali acusado de autoria e participação na destruição de mausoléus em Tombuctu considerou-se ontem culpado perante o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia. E pediu desculpa.
“Lamento dizer que tudo o que ouvi aqui é verdade e reflete o que aconteceu”, afirmou Ahmad al-Faqui al-Mahdi, após a leitura da acusação, tendo-se considerado culpado.
Al-Mahdi é o primeiro réu a considerar-se culpado num julgamento por crimes de guerra, no Tribunal de Haia. Enfrenta 11 anos de pena.
O extremista do Mali ordenou os ataques contra a cidade de Tombuctu no ano de 2012, quando a cidade era controlada por rebeldes e membros da Al-Qaeda. Admitiu agora ser o autor da destruição – e desaparecimento – de nove mausoléus e a porta de uma mesquita, monumentos classificados de grande importância religiosa e cultural, classificados como Património da Humanidade pela UNESCO.
O pedido de desculpas foi para os malianos. “Procuro o seu perdão e peço que olhem para mim como um filho que se perdeu no caminho”, disse em tribunal. “Gostava de fazer-lhes uma promessa solene de que este foi o primeiro e o último ato errado que cometi”, afirmou, citado peloThe Guardian.
Tombuctu foi um grande centro de aprendizagem, comparável com Florença no Renascimento italiano, e foi tomada pelos rebeldes da Al-Qaeda que impuseram a sharia (lei islâmica). O procurador do TPI, Fatou Bensouda, considera que Al-Mahdi “conhecia a importância dos mausoléus, e mostrou determinação e foco na supervisão das operações”.