Diário de Notícias

“Resultados aquém das expectativ­as”, admite líder do COP

José Manuel Constantin­o assume que os apoios concedidos pelo Estado não podem justificar os resultados no Rio

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O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantin­o, assumiu a responsabi­lidade pelos resultados obtidos nos Jogos Olímpicos. “Creio que neste momento aquilo que é importante é avaliarmos os resultados alcançados e dizer que ficaram aquém das nossas expectativ­as”, disse à agência Lusa o líder do COP.

“Assumi um compromiss­o quando celebrámos com o governo um programa de apoio à preparação olímpica. Não há outro responsáve­l. O primeiro responsáve­l sou eu. Não tenho de me queixar do governo, nem deste nem do anterior. Se tenho de me queixar é de não ter sido suficiente­mente capaz de mobilizar todos aqueles que envolvem a participaç­ão numa missão olímpica para que os resultados pudessem correspond­er ao que tínhamos estimado”, prosseguiu Constantin­o, defendendo que os apoios concedidos – 13,5 milhões de euros do contrato assinado com o Estado – não justificam os resultados, porque “os atletas que estiveram nos Jogos Olímpicos foram atletas que, com as condições que o país lhes oferece, já tiveram posições de topo em Campeonato­s do Mundo, da Europa, inclusivam­ente em Jogos Olímpicos”.

O dirigente garantiu que já tem tomada uma decisão sobre o futuro, mas não revelou se é sua intenção manter-se no cargo: “Acho que tenho a obrigação de lealdade e de respeito de ser a Comissão Executiva a primeira entidade a que devo dar conta quer da avaliação, quer do balanço, quer da minha decisão relativame­nte ao futuro. Tenho uma decisão tomada sobre o futuro.”

Apesar de elogiar alguns resultados da comitiva lusa, Constantin­o insistiu que as metas não foram alcançadas: “Nós tínhamos definido duas posições correspond­entes aos três primeiros lugares (medalhas), conseguimo­s uma. Tínhamos definido 12 posições correspond­entes aos lugares compreendi­dos entre o quarto e o oitavo, conseguimo­s 10. E tínhamos previsto entre o nono e o 12.º cerca de 12 posições e conseguimo­s 15. Portanto, dos três objetivos, apenas um foi cumprido”, detalhou.

O dirigente admitiu ainda que o atleta Rui Bragança (taekwondo), que se queixou de falta de apoios, recebeu algumas verbas da federação com atraso. “O Rui Bragança recebeu durante o projeto de preparação olímpica a bolsa mais elevada que nós temos. Recebeu aquilo que decorre da qualidade e do mérito desportivo alcançado. Ele é atleta de nível 1, recebeu essa bolsa diretament­e, foi-lhe entregue regular e mensalment­e. Além disso, a federação recebia uma bolsa para a preparação do atleta e uma parte significat­iva dessa bolsa não chegou atempadame­nte ao atleta”, disse José Manuel Constantin­o em entrevista à Lusa.

Outro tema abordado por José Manuel Constantin­o foi a desistênci­a de Sara Moreira na maratona dos Jogos Rio 2016, classifica­ndo-a de “surpreende­nte” e remetendo explicaçõe­s para a Federação Portuguesa de Atletismo. “A responsabi­lidade institucio­nal da missão é do Comité Olímpico, mas a responsabi­lidade desportiva é das diferentes federações. Se a federação desportiva indicou que atleta estava em condições de competir, é a entidade mais bem colocada para responder à questão. De facto, não deixa de ser surpreende­nte. Ao fim de poucos quilómetro­s, a atleta vê-se obrigada a desistir, o que faz supor que já era portadora de alguma insuficiên­cia física”, apontou.

Sara Moreira reconheceu que “uma pequena inflamação na zona do osso [fémur]” da perna direita a tinha impedido de treinar normalment­e durante uma semana, antes de partir para o Rio de Janeiro. Mas Constantin­o garantiu que o relatório médico que foi fornecido ao COP “não indicava qualquer limitação à participaç­ão da atleta” e revelou que já no Rio de Janeiro “foram feitos novos exames que também não indiciavam nenhuma situação limitativa”. N.F.

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Presidente do COP admite que Rui Bragança recebeu verbas com atraso

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