Gerações mais novas não têm lugar para dar aulas
TRABALHO Fenprof entende que a profissão foi das mais massacradas pela troika e lembra os milhares de contratados no desemprego
Entre 2012 e finais de 2015, aposentaram-se mais de 9700 professores do ensino básico e secundário, de acordo com as listas da Caixa Geral de Aposentações. Mas esse é um cenário que pela primeira vez conhece alterações. Durante os anos da troika, quando o Ministério da Educação esteve sob a tutela de Nuno Crato, 11% dos professores pediram aposentação, quase metade em 2013, perante as anunciadas penalizações. A partir daí a redução foi-se acentuando: 2751 pedidos em 2014 e 1280 em 2015, entre educadores e professores do ensino básico e secundário.
“Não é que não haja um número muito elevado de professores em condições de se aposentarem. O grande grupo de professores que
se aposentaria agora, entre os 58 e os 60, aqueles que já há 10 anos completavam 36 anos de serviço, independentemente da idade, reformavam-se. E isso permitia uma renovação geracional. Nestas circunstâncias, alguns dos colegas que têm agora 65 e 66 trabalham há 46 anos ou mais”, referiu ao DN o líder da Fenprof, Mário Nogueira, certo de que “as escolas necessitavam de ter professores jovens que pudessem estar com estes mais antigos, absorverem a sua experiência e serem acompanhados, e por outro lado trazerem outras dinâmicas”.
Mário Nogueira fala de “um bloqueio no acesso à profissão” e lembra que, paradoxalmente, “no início da próxima semana, quando saírem as primeiras listas de colocações, vamos ter mais de 30 mil professores desempregados”. E sublinha “um desperdício brutal de toda uma geração em quem este país investiu, e que neste momento está toda desempregada. Os professores têm sido dos mais massacrados ao longos destes anos, desde a troika”.
Quanto aos mais velhos, que dominam os quadros das escolas, há um novo retrato que até há poucos anos não se pintava: o aumento de professores com doenças incapacitantes, decorrentes da própria idade.