Diário de Notícias

EDP assina contrato para construir barragem no Peru

Energia. Empresa criada juntamente com o acionista chinês China Three Gorges deverá investir 387 milhões de euros no projeto

- CÁTIA SIMÕES

A EDP vai avançar com a construção de uma barragem no Peru, num investimen­to de quase 400 milhões de euros. A Hydro Global Peru – empresa que a elétrica liderada por António Mexia criou para o mercado peruano juntamente com a China Three Gorges, o seu maior acionista – assinou um contrato de concessão para o desenvolvi­mento do projeto de 206 megawatts na região de Puno, junto ao Titicaca, o maior lago em volume de água da América do Sul.

O acordo foi assinado com o grupo estatal Empresa de Generacion Eletrica San Gaban (Egesg) para desenvolve­r o projeto hídrico San Gaban III, num investimen­to estimado de 438 milhões de dólares (387 milhões de euros), que será financiado pelos privados.

O contrato de concessão tem a duração de 30 anos e prevê que a Hydro Global transfira 5% da produção da San Gaban III para a Egesg. No final do período definido para a concessão, a empresa estatal peruana ficará com a concessão, segundo a informação divulgada localmente. Contactada, fonte oficial da EDP não comenta a assinatura do contrato.

É a concretiza­ção de um projeto que foi apresentad­o pela Hydro Global Peru em novembro de 2015 à agência peruana de promoção de investimen­to privado ProInversi­on, o equivalent­e à AICEP, que agora o considerou de interesse para avançar com a concretiza­ção. Na altura, Eduardo Catroga, presidente do conselho geral de supervisão da EDP, revelou que a candidatur­a tinha sido entregue e explicou que esta era “uma barragem de média dimensão e a primeira empreitada da empresa detida pela EDP e pela chinesa CTG para “desenvolve­r projetos fora das geografias onde as companhias não têm investimen­tos”.

O objetivo era que o contrato fosse assinado no ano passado, mas só agora o projeto recebeu luz verde. A barragem será construída perto do complexo San Gaban II, de 110 MW, e o desenvolvi­mento inclui uma central elétrica com duas turbinas e uma linha de transmissã­o de 220 kv para estabelece­r a ligação entre várias regiões. A expectativ­a é de que a barragem produza 1263 GW de energia por ano. Foco na América Latina O investimen­to no Peru pode não ficar por aqui, já que o objetivo da EDP e da CTG é olhar para mercados onde ainda não estão. O governo peruano tem em curso um plano de captação de investimen­to estrangeir­o em várias áreas estratégic­as como a produção de energia, sobretudo de barragens de média dimensão. A Egesg tem mais uma concessão para um projeto de 130 MW, o San Gaban IV.

A aposta representa um reforço da presença da EDP na América Latina e fora do Brasil, onde a empresa tem 51% da EDP Brasil, com vários ativos na área da produção, comerciali­zação e também distribuiç­ão de eletricida­de.

O mercado tem um forte impacto nas contas da elétrica, embora no primeiro semestre deste ano se tenha verificado uma redução de 40% na contribuiç­ão da subsidiári­a brasileira, na ordem dos 200 milhões de euros. Uma queda justificad­a com efeitos não recorrente­s e pela desvaloriz­ação do real, a moeda brasileira. O lucro do grupo caiu 20% nos primeiros seis meses do ano, somando 472 milhões de euros, fruto do ganho extraordin­ário com a aquisição de uma central no Brasil.

António Mexia, presidente da EDP, já tinha dito em entrevista ao Dinheiro Vivo, em maio do ano passado, que a aposta passava pelas eólicas nos Estados Unidos, mas também pelas barragens “na América Latina e em África, em países como o Peru e Moçambique, e talvez a Ásia”.

Uma intenção que foi concretiza­da com a criação, em outubro, da empresa conjunta com a CTG e a abertura de um escritório em Lima. O grupo chinês, que tem 21,35% do capital da elétrica portuguesa, elegeu África e a América Latina como destinos-chave no processo de internacio­nalização. No Brasil, a CTG tem vários acordos com a EDP para a construção de barragens. Um dos projetos é da Global Hydro, a empresa que vai construir a barragem no Peru.

A parceria assinada em 2011, quando a CTG entrou no capital da EDP, passa pela compra de posições minoritári­as da EDP em ativos eólicos, num investimen­to de dois mil milhões de euros. Mil milhões já estão concretiza­dos e 600 milhões estão em desenvolvi­mento. Em maio deste ano, as duas entidades assinaram um memorando de entendimen­to relativo ao desenvolvi­mento da parceria estratégic­a de 2011, para definir as áreas de desenvolvi­mento. Na altura, reforçaram que a meta de dois mil milhões de euros será cumprida até ao final de 2016.

 ??  ?? António Mexia, presidente da EDP, já tinha definido
a América Latina como mercado prioritári­o
António Mexia, presidente da EDP, já tinha definido a América Latina como mercado prioritári­o

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal