Quanto custa um voto? 11% dos russos venderiam o deles por 68,5 euros
Eleições para a Duma (câmara dos deputados) são a 18 de setembro e partido de Putin deverá renovar a maioria
VOTAÇÃO Quase um quarto (23%) dos russos inquiridos numa sondagem do Centro Levada admitiu vender o seu voto nas eleições legislativas de 18 de setembro, mais quatro pontos percentuais do que em 2011. A maioria (11%) disse que estaria disposto a vender o voto por cinco mil rublos, isto é, 68,5 euros, e 5% por um valor superior, mas 2% admitiu que o faria por menos de três euros. O partido do presidente Vladimir Putin, o Rússia Unida, espera renovar a maioria absoluta alcançada há cinco anos – tem 238 dos 450 lugares na Duma.
Entre os 1600 inquiridos de 48 regiões russas, 14% disseram ter dificuldade em responder à pergunta sobre se venderiam o voto, enquanto 63% disseram que não o fariam. Antes das eleições de dezembro de 2011, a percentagem era de 57%, mas 26% dos inquiridos não quiseram responder à pergunta e só 19% admitiam vender o voto. O escrutínio de 2011 ficou marcado por denúncias de fraude generalizada, incluindo manipulação de votos, desencadeando os maiores protestos anti-Kremlin dos últimos 20 anos.
Segundo a mesma sondagem, só 22% dos inquiridos acreditam que não haverá fraudes nas próximas eleições – em 2011 eram 18% e em abril de 2007 apenas 8%. Numa pergunta em que era possível votar em várias respostas, 21% disseram acreditar que haverá manipulação dos resultados por parte das comissões eleitorais locais ou regionais, enquanto 18% acreditam que o Rússia Unida e outros partidos ligados ao Kremlin vão distribuir benefícios durante a campanha em troca de votos. Para 15% dos inquiridos as autoridades vão tentar comprar votos, enquanto 11% dizem que será a oposição a tentar fazê-lo. Todos estes números são inferiores aos registados na sondagem de 2011.
Em relação ao impacto de eventuais fraudes no resultado eleitoral, 54% dizem que este será “muito grave” (14%) ou “bastante grave” (40%). Há cinco anos, a soma de ambas dava 57%, com 30% a defenderem que “não será muito sério” o impacto – este ano são 35% que o dizem. Para 5% (o mesmo que em 2011), as fraudes não terão qualquer efeito.
Putin tem referido várias vezes nos últimos meses a importância de as eleições para a Duma serem legítimas e não suscitarem dúvidas entre os eleitores. O presidente já substituiu o líder da Comissão Eleitoral Central, Vladimir Shurov, muito criticado pela oposição, nomeando para lhe suceder Ella Pamfilova, antiga responsável pela Comissão dos Direitos Humanos. E a OSCE vai ser observadora durante o escrutínio.
O líder da oposição, Mikhail Kasyanov (primeiro-ministro de Putin entre 2000 e 2004), alega contudo que o seu partido está a ser prejudicado e que precisará de ganhar três vezes mais votos do que os 5% que a lei prevê para entrar na Duma – tendo em conta, alegou, que as autoridades são capazes de falsificar precisamente 5% dos votos. Outra sondagem do Levada sugere que o PARNAS (que atualmente não tem deputados) deverá conseguir 7% dos votos. Já o Rússia Unida tem 44% das intenções de voto, uma das mais baixas de sempre. S.S.
Partido do presidente Vladimir Putin é o favorito às eleições