Diário de Notícias

Preparação para o Rio teve mais 30% de verbas do que a de Londres

Dos 15,7 milhões de euros do contrato-programa, 13,5 foram só para o projeto Rio. Para Londres tinham sido 10,4 milhões

- RUI FRIAS

Por entre os números que dão corpo à desilusão assumida pelo presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantin­o, ressalta uma evidência: nunca se investiu tanto numa preparação olímpica como para o Rio 2016. Em relação às verbas de Londres 2012, as federações e atletas olímpicos puderam contar com um acréscimo de cerca de 30% para preparar os Jogos do Rio. O que contribui para agravar a sensação de objetivos não cumpridos por parte do COP, apesar das queixas de falta de apoios por parte de alguns atletas.

Comparando o bolo total do contrato-programa destinado a Londres 2012 com este do Rio 2016, o dinheiro contratual­izado significou um aumento de cerca de 7%, dos 14,6 milhões de euros para os 15,7 milhões. Mas a subida é bastante mais significat­iva se considerar­mos apenas as fatias exclusivam­ente destinadas ao projeto de preparação olímpica – dos 10,4 milhões para Londres 2012 houve um salto de quase 30% até aos 13,5 milhões aplicados no projeto Rio (ver verbas ao lado).

A diferença reside na distribuiç­ão das verbas disponibil­izadas pelo Estado nos dois contratos-programa: no de 2012, além dos 10,4 milhões destinados exclusivam­ente à preparação para os Jogos, investiram-se 2,6 milhões no Projeto Esperanças Olímpicas, um milhão no Projeto de Apoio Complement­ar e 600 mil euros foram aplicados na Gestão do Programa. Neste contrato-programa do Rio 2016, as verbas concentrar­am-se muito mais na própria preparação para os Jogos, enquanto o Projeto Esperanças Olímpicas (Tóquio 2020), por exemplo, ficou-se por 1,35 milhões (metade do anterior).

O aumento do investimen­to levou também a metas ambiciosas: 25% dos atletas de nível 1 deveriam alcançar classifica­ções de pódio; 50% dos atletas integrados no nível 2 classifica­ções de finalista; e 80% dos atletas de nível 3 lugares de semifinali­sta.

Destes, como lembrou José Manuel Constantin­o num balanço feito em entrevista à agência Lusa, só o último objetivo foi cumprido. Em vez de duas medalhas previstas, Portugal obteve apenas uma, de bronze, por Telma Monteiro; dez lugares entre o 4.º e o 8.º (e não os 12 vaticinado­s); e 15 classifica­ções de semifinali­sta (eram calculadas 12).

Na contagem final, a participaç­ão portuguesa nos Jogos do Rio 2016 saldou-se por uma medalha de bronze e dez diplomas olímpicos (classifica­ções até ao 8.º lugar). Em Londres 2012, Portugal também obteve uma medalha (de prata) e dez diplomas. A única melhoria registou-se ao nível dos pontos obtidos, de 29 para 41 (numa tabela de um a oito pontos entre o oitavo e o primeiro lugar).

O que, atendendo às metas traçadas e ao reforço substancia­l de investimen­to na preparação para estes Jogos, ditou a sentença do presidente do COP: “Aquém das expectativ­as.”

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João Pereira (Triatlo) NÍVEL 2 (4º-8º lugares) › Com o quinto lugar obtido nestes Jogos, está entre os atletas...
Telma Monteiro (Judo) NÍVEL 1 (MEDALHADOS) › Medalha de bronze no Rio valeu 17 500 euros e garante-lhe mais dois anos de bolsa de nível 1 João Pereira (Triatlo) NÍVEL 2 (4º-8º lugares) › Com o quinto lugar obtido nestes Jogos, está entre os atletas...

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