Passos Coelho pede “muita transparência” a Costa
Socialistas desbaratam dinheiro, acusa líder do PSD, que pede ao governo que diga quanto custa a recapitalização de banco público
MIGUEL MARUJO São Miguel, onde está para ajudar o PSD na campanha das eleições regionais, Pedro Passos Coelho pediu ontem ao governo “muita transparência” na questão da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, mas só hoje deverá falar sobre o anúncio de Mário Centeno da necessidade de um Orçamento retificativo para acomodar essa recapitalização (ver pág. 15).
Já em Ponta Delgada, depois de ter estado no Faial e em São Jorge, o presidente do PSD disse esperar que o executivo de António Costa explique “qual o custo” de reestruturar o banco público, “quantos trabalhadores serão dispensados” e quantos balcões serão fechados.
Falando aos jornalistas antes da conferência de imprensa do ministro das Finanças, Passos Coelho defendeu – citado pela agência Lusa – que fica definitivamente comprovado que o governo “não tem nenhuma razão para se desculpar com a União Europeia” nesta matéria, depois do acordo alcançado entre Lisboa e Bruxelas para a recapitalização da CGD.
Para o líder social-democrata, a União Europeia voltou a ajudar Portugal “com o entendimento que foi gerado a partir da Comissão Europeia quanto a não onerar o défice público português com esta operação” de recapitalização da CGD.
“O governo devia, com muita transparência, dizer qual é o custo da reestruturação que esta operação em condições de mercado terá em termos nacionais”, pediu o antigo primeiro-ministro.
Segundo Passos, “quanto mais dinheiro se meter lá [na CGD], maior será a redução de atividade que o banco público terá de fazer”. Por isso, acrescentou, espera que“o valor máximo a ser feito seja efetivado tendo em conta as reais necessidades de capital da Caixa e também o nível de dívida que o país pode suportar”.
Também o CDS quer esclarecimentos do governo, com Pedro Mota Soares a antecipar que o seu partido vai chamar o ministro das Finanças ao Parlamento à reunião da Comissão Permanente.
“Agora que há um acordo com a Comissão Europeia é fundamental que o governo venha dar uma explicação aos portugueses sobre o que é que vai acontecer no plano da CGD. Por isso mesmo chamaremos o governo à próxima reunião que vai acontecer no dia 8 de setembro aqui no plenário da Assembleia da República”, disse o deputado centrista, falando aos jornalistas nos Passos Perdidos da Assembleia da República. Governação do PS segundo Passos Na véspera, num jantar-comício na Calheta, São Jorge, os dinheiros também tinham sido motivo de preocupação do líder laranja, ao acusar os governos socialistas – o regional e o nacional – de desbaratarem aquilo que têm.
“Os socialistas administram o que existe, mas têm muita dificuldade de acrescentar alguma coisa ao que já existe. É assim, em grande medida, porque os socialistas só sabem governar distribuindo dinheiro”, atirou Passos.
Nas entrelinhas, o líder do PSD quis puxar dos seus galões como governante, ao defender que há que saber gerir os dinheiros públicos e procurar também captar investimento privado, para que tanto os Açores como o país possam crescer e assegurar o futuro. “É assim como quem herda muito em determinado tempo e desbarata o que herdou. Fica sem nada”, avisou.
Passos sinalizou que o PSD quer ganhar as regionais de 16 de outubro para combater a “estagnação” em que, segundo ele, mergulharam os Açores. Com LUSA