Montepio. Dívida da Oi e reestruturação duplicam prejuízos
Banco fechou os primeiros seis meses do ano com prejuízos de 67,6 milhões de euros. Mas garante que resultados foram penalizados por “impactos específicos”
O Montepio Geral mais do que duplicou os prejuízos no primeiro semestre deste ano – foram 67,6 milhões de euros, contra 28,9 milhões em junho de 2015. O banco justifica o agravamento das contas com “impactos específicos”, nomeadamente custos de reestruturação e a dívida da operadora brasileira Oi, a participação no fundo Vallis e ainda as contribuições para o Fundo de Resolução nacional e europeu.
O impacto das operações financeiras, em que se inclui a desvalorização da dívida da Oi e a da participação no fundo Vallis e se subtrai o efeito positivo da venda da participação na Visa Europa, totaliza 52,2 milhões de euros. Além disso, os custos de reestruturação atingem 32 milhões, e as contribuições para os dois Fundos de Resolução mais 26,4 milhões. Acrescenta-se ainda um “efeito fiscal de 20,5 milhões relativo aos impactos específicos anteriormente referidos”. Excluindo estes efeitos, o Montepio teria fechado o semestre com lucros de 22,5 milhões.
Além destes efeitos extraordinários, o banco presidido por Félix Morgado viu os depósitos a clientes caírem 3,7%, totalizando agora 12,68 mil milhões de euros. O produto bancário também baixou 32%, recuando para 194,3 milhões, sobretudo devido à diminuição de venda de dívida pública; e o crédito bruto a clientes diminuiu 4,7%, somando 15,6 mil milhões de euros. O rácio de crédito em incumprimento aumentou 2,1 pontos percentuais para 10,9% e o rácio de crédito e juros vencidos há mais de 90 dias sobem 1,8 pontos percentuais para 9,2%.
No que respeita ao plano de reestruturação, o Montepio reduziu 252 trabalhadores no grupo, a que se somou um corte de 259 funcionários na Caixa Económica Montepio Geral. No final de junho, o banco tinha encerrado 104 balcões, ficando com 332 na rede doméstica. E está também a cortar a isenção de horário dos trabalhadores, o que tem provocado polémica com os sindicatos.
A equipa de Félix Morgado está a empreender uma reorganização do grupo, tendo encerrado, em junho, o Montepio Recuperação de Crédito e integrado o Montepio Capital de Risco no banco. O Montepio também fechou a sucursal das ilhas Caimão e passou os ativos africanos para uma nova holding, no âmbito da execução do plano estratégico para os próximos dois anos, com foco nas atividades core e venda de ativos. O plano previa a alienação do Montepio Crédito, Montepio Capital de Risco e ativos imobiliários. Segundo o relatório do semestre, o banco tem mais de 2,3 mil milhões de ativos financeiros disponíveis para venda, bem abaixo dos 3,4 mil milhões de há um ano.