Diário de Notícias

Como vamos de atores no novo Star Trek?

FILME Zachary Quinto não é a versão moderna de Leonard Nimoy como Spock nem o que ser. Olhar para os elencos de 50 anos da saga

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O ator Leonard Nimoy, o inesquecív­el Spock, tem dedicatóri­a no final deste último filme da série Star Trek. Nimoy, que faleceu em fevereiro do ano passado, representa­va uma mítica geração de atores que se instalou no nosso imaginário há 50 anos. Infelizmen­te, não é o único ator a criar luto à série. Neste Star Trek – Além do Universo, um dos atores, Anton Yelchin, também já não se encontra entre nós depois de um fatídico acidente em Studio City, na Califórnia, em junho passado. Yelchin, um brilhante ator e que em breve vai ser visto em Porto, coprodução luso-americana, representa­va por sua vez uma nova geração que vinha recriar o espírito da série.

É notória uma diferença de classe de atores entre os três momentos da série em cinema? Claro que sim. Se entre as encarnaçõe­s do original e da Nova Geração já havia, quanto mais agora, nesta reformulaç­ão da série e do seu espírito, em que o acting é mais livre e solto.

Do elenco da fase J.J. Abrams, iniciada em 2009 com o reboot Star Trek, optou-se por um misto de atores de composição com carisma com estrelas com reconhecim­ento fácil para o espectador juvenil. Longe vão os tempos da série New Generation em que apenas o prestígio teatral de Patrick Stewart (Capitain Picard) chegava e sobrava para a coisa andar. Mesmo na transposiç­ão para o cinema, primeiro em 1994 com Star Trek: Gerações, de David Carson, esse ainda com mistura dos dois elencos, nunca se apostou em nomes fortes, à exceção da participaç­ão de um calvo Tom Hardy ainda incógnito em Star Trek: Nemesis (2002), de Stuart Baird. Aliás, ao longo destas décadas e contando com as séries televisiva­s, entre papéis pequenos e aparições de convidados, Star Trek foi pródigo em bizarrias como a presença de Dwayne Johnson em Star Trek: Voyager; Whoopi Goldberg na série A Nova Geração, em que também por lá passaram em episódios atrizes desconheci-

das que mais tarde ficaram estrelas de Hollywood como Kirsten Dunst, Teri Hatcher, Ashley Judd.

Por muito que se fale de atores e de registos, a nova vida de Star Trek tem um outro código genético nas interpreta­ções. É óbvio que o estilo old fashioned de William Shatner já não seria possível nestes dias. A própria reencarnaç­ão de Spock no corpo de Zachary Quinto é algo estranha. O ator é de uma solidez dramática convenient­e mas só isso não parece chegar. Seja como for, é impossível fazer esquecer Nimoy. Nesse aspeto, são os secundário­s quem mais brilham: o Chekov de Anton Yelchin é interpreta­do com uma graciosida­de de série B incrível e o Scotty de Simon Pegg é um sonho para qualquer trekker.

Palavra ainda para os vilões da era J.J. Abrams, onde o campeão com larga vantagem é Benedict Cumberbatc­h, absolutame­nte genial como Khan em Além da Escuridão: Star Trek , o filme anterior. RUI PEDRO TENDINHA

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Leonard Nimoy tem uma dedicatóri­a no final deste filme

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