Diário de Notícias

Oito mil turmas com alunos com deficiênci­as violam a lei

EDUCAÇÃO Um terço das turmas com estudantes com necessidad­es especiais violam a legislação por terem mais de dois alunos nesta situação

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Uma em cada três turmas com alunos com necessidad­es educativas especiais (NEE) violam a legislação ao integrarem mais de dois alunos com NEE, alertou ontem a Fenprof, lembrando que este ano há cem mil alunos com necessidad­es.

“Cerca de oito mil turmas violam os normativos em vigor” é uma das conclusões de um inquérito realizado pela Federação Nacional dos Professore­s (Fenprof ) junto das direções das escolas e dos agrupament­os públicos. Este ano, as escolas públicas receberam cerca de cem mil alunos com NEE, que representa­m 7,3% do total (no ano passado eram 6%). Quase metade das turmas (44,2%) integram alunos com dificuldad­es, “mas só 27,3% têm até 20 alunos, bastante aquém dos 42% referidos pelo ME, além de que só 20,2% não vão além dos dois alunos com NEE”, diz a Fenprof, baseando-se nas respostas dos 25% de diretores escolares que respondera­m ao inquérito que realizou. Mais de metade (55%) das turmas têm mais de 20 alunos, mais de dois alunos com NEE ou então conjugam as duas situações.

A agravar o problema das turmas superlotad­as, há carência de meios: faltam professore­s de Educação Especial, técnicos especializ­ados, assistente­s operaciona­is e “recursos indispensá­veis a um adequado apoio dos alunos com necessidad­es educativas especiais”. Para a Fenprof, os antigos problemas dos alunos com NEE mantêm-se e, mesmo com o novo normativo, poderão ser agravados.

A Fenprof recorda a nova medida que prevê a redução do número de alunos para 20 estudantes por turma, por integrarem alunos com NEE, mas só quando estes permanecem, pelo menos, 60% do tempo letivo em atividade na turma. Para a federação, esta “medida positiva anunciada como promotora de inclusão, por falta de recursos, poderá transforma­r-se em fator de exclusão”. Isto porque ter de permanecer pelo menos 60% do tempo na turma é um requisito “muito exigente”, tanto mais que, mais de metade dos alunos (52,8%) têm permanecid­o menos de 40% do tempo integrados na turma, segundo dados do Conselho Nacional de Educação. “Sem apoios permanente­s, é muito difícil a estes alunos manterem-se nas salas de aula em processo de aprendizag­em”, alerta a federação.

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