Iraque não contesta investigação a filhos de diplomata
Ponte de Sor. Enviado de Bagdade vai decidir sobre levantamento de imunidade
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraquiano garantiu que o país não se opõe à investigação aos filhos do seu embaixador em Lisboa, que agrediram Rúben Cavaco a 17 de agosto levando ao internamento deste, e que um enviado decidirá o levantamento da sua imunidade nas próximas duas semanas.
“O meu colega iraquiano disse que não se oporão a qualquer exigência da lei para que a investigação possa ser concluída”, disse ontem em Nova Iorque o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, no final de uma reunião em Nova Iorque com o seu homólogo iraquiano, Ibrahim Al-Jaafari. “Decidimos que o Iraque enviará um enviado especial, um alto-funcionário dos Negócios Estrangeiros, a Lisboa até ao princípio de outubro com mandato suficiente para que se tome uma decisão final”, adiantou.
Num comentário ao pedido do governo iraquiano, o advogado de Rúben Cavaco considerou ser “razoável” o tempo solicitado ao governo português para equacionar o levantamento da imunidade diplomática. Santana-Maia Leonardo disse à agência Lusa que esta tomada de posição dá “muitas esperanças” de que a imunidade diplomática “vai ser levantada”.
Os filhos do embaixador do Iraque em Lisboa, Saad Mohammed M. Ali – Haider e Ridha – estão a ser investigados por terem espancado em Ponte de Sor um jovem que na altura tinha 15 anos. Na sequência dessa agressão Rúben Cavaco (que fez os 16 anos entretanto) esteve várias semanas internado no Hospital de Santa Maria (Lisboa). Os gémeos já reconheceram que tinham agredido o jovem de Ponte de Sor, mas na entrevista à SIC onde o disseram também frisaram que foram provocados num bar da cidade.
Entretanto, Rúben, também numa entrevista à SIC, em que mostrou ter dificuldades em falar e só respondeu às perguntas por monossílabos, disse não aceitar pedidos de desculpas dos gémeos e que os quer ver condenados em tribunal. Já a mãe de Rúben defende que o filho deve ser indemnizado pelo que aconteceu: “Quem tem de pagar é quem o agrediu.”