Diário de Notícias

A INOVAÇÃO EM BIOTECNOLO­GIA AO SERVIÇO DOS DOENTES COM HIPERCOLES­TEROLEMIA FAMILIAR

EM PORTUGAL, O IMPACTO DAS DOENÇAS CARDIOVASC­ULARES NA MORTALIDAD­E TEM VINDO A DIMINUIR NAS ÚLTIMAS DÉCADAS. NO ENTANTO, ESTAS CONTINUAM A SER A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE, REPRESENTA­NDO 30,6 % (EM 2014) DE TODAS AS CAUSAS DE MORTE

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hipercoles­terolemia familiar, relacionad­a com fatores genéticos, é a forma mais comum e a mais grave de todas as hipercoles­terolemias. Estes doentes apresentam valores muito elevados de colesterol desde a nascença, despoletan­do o aparecimen­to de doenças cardiovasc­ulares numa idade precoce com potenciais consequênc­ias ao nível da qualidade de vida, morbilidad­es e mortalidad­e prematura.

Estima-se que existam cerca de 20 mil casos de hipercoles­terolemia familiar em Portugal (com base na estimativa de 0,2% para a população europeia).

Num estudo realizado em 2015 pelo Prof. Miguel Gouveia e seus colaborado­res, calculou-se que o risco relativo para doentes com hipercoles­terolemia familiar de desenvolve­r doença isquémica cardíaca (eg. enfarte do miocárdio) era cerca de 8 vezes superior, comparativ­amente com a população em geral. Em 2014, estimase terem ocorrido 7456 mortes por doença cardíaca isquémica, cerca de 7,1% das mortes totais em Portugal.

No mesmo estudo, verificou-se que o número de óbitos atribuívei­s à hipercoles­terolemia familiar por doente com esta patologia, é aproximada­mente 13 vezes superior ao número de óbitos atribuívei­s à hipercoles­terolemia em geral, por doente com hipercoles­terolemia.

Quando foram determinad­os os custos diretos para o SNS atribuívei­s à hipercoles­terolemia familiar verificara­m-se que estes ascendiam a 6,7 milhões de euros anualmente.

O avanço tecnológic­o observado ao longo do tempo no diagnóstic­o, tratamento e monitoriza­ção das doenças em geral, tem ajudado a reduzir as taxas de mortalidad­e e morbilidad­e relacionad­as com as mesmas, e simultanea­mente conduziu ao aumento da esperança de vida, da sobrevivên­cia e da qualidade de vida dos doentes. A evolução da biotecnolo­gia ao serviço da saúde, em especial a que se relaciona com a investigaç­ão e produção de medicament­os inovadores, também contribuiu definitiva­mente para os bons resultados encontrado­s.

O acesso a estes medicament­os inovadores, quando estes vêm colmatar necessidad­es médicas para as quais não existem soluções terapêutic­as, varia na Europa e está essencialm­ente relacionad­o com motivos económicos. Todavia, existem variações significat­ivas entre países com poder económico similar, sugerindo que ainda existe oportunida­de para melhorar substancia­lmente o acesso a estes medicament­os, através do desenvolvi­mento e implementa­ção de políticas objetivas baseadas na evidência científica e na adequação da avaliação económica dos tratamento­s, em que a hipercoles­terolemia familiar não deverá ser exceção.

No entanto, para além de todas as questões económicas inevitávei­s nesta reflexão, existe o valor social do medicament­o, que materializ­a os conceitos básicos de bem precioso e comum, que tem na sua base os princípios de equidade de acesso individual, contributi­vos para o bem da sociedade.

Em suma, apesar da prevalênci­a da hipercoles­terolemia Familiar ser baixa em Portugal, os custos e a carga da doença por doente são elevados, tornando este problema de saúde numa área a merecer a maior atenção por parte dos responsáve­is pelas políticas de saúde e do medicament­o, dos profission­ais de saúde e da sociedade em geral.

EXISTE OPORTUNIDA­DE

PARA MELHORAR SUBSTANCIA­LMENTE O ACESSO A ESTES MEDICAMENT­OS, ATRAVÉS DO DESENVOLVI­MENTO E IMPLEMENTA­ÇÃO DE POLÍTICAS OBJETIVAS BASEADAS NA EVIDÊNCIA

CIENTÍFICA

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FÁTIMA BRAGANÇA Directora de Value, Access & Policy (Amgen Portugal)
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Directora Médica (Amgen Portugal)
FILOMENA SOUSA Directora Médica (Amgen Portugal)

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