Os presidentes de câmara de Nova Iorque, Paris e Londres escrevem no DN em defesa dos imigrantes
Os líderes mundiais estiveram reunidos na semana passada em Nova Iorque para a Assembleia Geral da ONU e, no primeiro lugar da sua agenda, esteve uma crise de refugiados que atingiu um nível de urgência como não se via desde a Segunda Guerra Mundial. A Cimeira das Nações Unidas sobre Refugiados e Migrantes e a Cimeira de Líderes sobre os Refugiados do presidente Obama representam um momento decisivo que está a centrar as atenções do mundo na necessidade de uma resposta eficaz para uma crise humanitária em crescendo.
A nossa perspetiva comum advém da plena consciência dos perigos que enfrentamos. No rescaldo do rebentamento de um engenho explosivo no bairro de Chelsea, em Nova Iorque, na noite do dia 17, e de outros ataques em cidades de todo o mundo, reconhecemos que a segurança de todos os nossos habitantes é fundamental nas sociedades grandes, abertas e democráticas. Mas é errado caracterizar as comunidades de imigrantes e refugiados como radicais e perigosas. Portanto, temos de continuar a prosseguir uma abordagem inclusiva para a reinstalação, a fim de combater a crescente maré de linguagem xenófoba em todo o mundo. Tal linguagem levará apenas ao aumento da marginalização das nossas comunidades imigrantes, e não fará que fiquemos mais seguros.
Como autarcas de três grandes cidades globais – Nova Iorque, Paris e Londres – exortamos os líderes mundiais que se reuniram nas Nações Unidas a tomar medidas decisivas para prestar socorro e refúgio seguro aos refugiados que fogem do conflito e aos migrantes que fogem de dificuldades económicas, e para apoiar aqueles que já estão a fazer esse trabalho.
Nós faremos também a nossa parte. As nossas cidades comprometem-se a continuar a defender a inclusão e é por isso que elas apoiam serviços e programas que ajudam todos os seus habitantes, incluindo as nossas diversas comunidades imigrantes, a sentirem-se bem-vindos, para que cada morador se sinta parte das nossas grandes cidades.
Em Nova Iorque e Paris, por exemplo, programas de documentos de identificação municipais têm alcançado grande sucesso no aumento do sentimento de pertença entre os imigrantes e permitido um maior acesso a serviços como contas bancárias, benefícios para veteranos de guerra e aos recursos da cidade como bibliotecas e instituições culturais. Em menos de dois anos, o programa de identificação municipal de Nova Iorque, conhecido como IDNYC, inscreveu mais de 10% da população total da cidade e recebeu fortes elogios de diferentes grupos de membros da comunidade, advogados e parceiros institucionais.
Programas como o IDNYC constroem cidades mais seguras porque os imigrantes e os refugiados sabem que são incluídos e reconhecidos pelos seus governos. Em Nova Iorque, o Departamento de Polícia foi um parceiro fundamental na instauração do programa de identificação municipal, pois os residentes ficam mais propensos a reportar crimes quando têm uma forma de identificação que é aceite pelos agentes da lei. Em Paris, novas medidas como a Carte Citoyenne e o orçamento participativo, que permite que os parisienses decidam o destino de uma percentagem do orçamento anual da cidade, dão a oportunidade a todos os residentes de participar na vida cívica e de se tornarem partes interessadas na vida da cidade, sem qualquer restrição.
Investir na integração de refugiados e imigrantes, mais do que a coisa certa é também a coisa inteligente a fazer. Refugiados e outros residentes estrangeiros trazem competências necessárias e melhoram a vitalidade e o crescimento das economias locais e há muito que a sua presença tem vindo a beneficiar as nossas três cidades.
Em Nova Iorque, quase metade de todos os proprietários de pequenas empresas são imigrantes que contribuem para a base tributária e aumentam as oportunidades de emprego para outros nova-iorquinos. Londres iniciou recentemente uma campanha publicitária, #LondonIsOpen, que destaca histórias de sucesso semelhantes, obtidas entre os três milhões de londrinos que nasceram no estrangeiro e que contribuem para a criatividade, a vitalidade e o espírito empreendedor da cidade.
As nossas cidades estão também na linha de frente da ajuda àqueles que fogem da violência ou da perseguição, estando ligadas a serviços cruciais, que muitas vezes salvam vidas. Paris é um dos primeiros grandes municípios a abrir um centro de refugiados no coração da cidade. A partir de outubro, o centro irá fornecer serviços e suprir necessidades básicas, bem como dar apoio administrativo, a 400 refugiados. Nova Iorque colocou representantes da cidade no tribunal de imigração para direcionar os milhares de crianças não acompanhadas da América Central que procuram asilo para os cuidados básicos de saúde, educação e outros serviços sociais. No ano passado, as freguesias de Londres deram apoio a mais de mil crianças não acompanhadas que requeriam asilo e a cidade está agora a desenvolver novas formas de trabalhar com as comunidades para oferecer apoio aos refugiados reinstalados.
Sabemos que as políticas que abraçam a diversidade e promovem a inclusão são bem-sucedidas. Apelamos aos líderes mundiais para que adotem um espírito acolhedor e de colaboração semelhante, em nome dos refugiados em todo o mundo. As nossas cidades estão unidas no apelo para a inclusão. Faz parte de quem somos como cidadãos de diferentes e prósperas cidades.
É errado caracterizar as comunidades de imigrantes e refugiados como radicais
e perigosas