Corbyn quer novo começo após vitória esmagadora
Líder do Labour reforçou a liderança ao ser reeleito com 62% dos votos, melhorando o recorde conseguido há um ano
“Vamos esquecer o que se passou e avançar com o trabalho que temos de fazer juntos enquanto partido”, disse ontem Jeremy Corbyn após ter sido reeleito líder do Labour, prometendo um novo começo depois de meses de discussão e divisão interna. Corbyn, desafiado para uma disputa de liderança pelo ex-ministro-sombra do Trabalho e das Pensões, Owen Smith, venceu com 62% dos votos, mais dois pontos percentuais e 60 mil votos do que há um ano.
“As eleições são eventos apaixonantes, por vezes são ditas coisas no calor do debate de que mais tarde acabamos por nos arrepender. Lembrem-se sempre que no nosso partido temos mais coisas em comum do que as que nos dividem”, afirmou, sendo aplaudido pelos apoiantes. Corbyn foi desafiado para umas eleições internas depois de um voto de não confiança por parte dos deputados trabalhistas (172 contra 40).
O líder reeleito agradeceu ao seu rival “as boas discussões mantidas” durante um “verão interessante” e sublinhou que ambos são parte “da mesma família trabalhista”, algo que “sempre será assim”. “Eu farei o que estiver nas minhas mãos para recompensar pela confiança e pelo apoio e para unificar o partido”, disse Corbyn, garantindo estar disposto a centrar as suas energias para alcançar “uma alternativa genuína” contra os planos do partido no governo, “que ameaçam fazer retroceder o país”.
Apesar da vitória esmagadora, Corbyn enfrentará dificuldades para conseguir nomear um governo-sombra, depois da demissão de mais de metade dos seus integrantes no início da “rebelião” dos deputados. Estes criticaram o pouco envolvimento do líder na campanha do referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia – apesar de ser eurocético, Corbyn defendeu o “ficar” – e alegam que ele não tem perfil para poder ser eleito primeiro-ministro.
Corbyn disse ontem na conferência anual trabalhista, em Liverpool, que as suas políticas antiausteridade atraíram milhares de militantes para o Labour, quase triplicando o número de membros (são mais de 500 mil), para tornar o partido o maior da Europa. E está preparado para o liderar até à vitória em 2020.