Diário de Notícias

Do patrocínio da II Liga aos problemas no Atlético

Dinheiro chinês tem chegado para equipas dos escalões secundário­s mas Benfica e Sporting piscam o olho a parcerias

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Em Portugal, a face mais visível do investimen­to chinês é o patrocínio do segundo escalão do futebol nacional. A competição designa-se agora Ledman Liga Pro, com a multinacio­nal chinesa a pagar mais de quatro milhões de euros pelos três anos e meio de contrato, que implica também a chegada de três técnicos adjuntos e dez jogadores “para aspetos formativos”, não existindo qualquer obrigação de os utilizar. “Os clubes vão beneficiar financeira­mente com este patrocínio. Todas as receitas serão distribuíd­as pelos clubes”, garantiu, na altura da apresentaç­ão do acordo, o presidente da Liga, Pedro Proença, assinaland­o que o negócio é bom para os dois lados: “O que a China quer do futebol português é que jogadores e treinadore­s chineses possam ter um primeiro contacto formativo com o futebol profission­al.”

Apesar das recentes viagens de Luís Filipe Vieira e Bruno de Carvalho, responsáve­is máximos de Benfica e Sporting, ao país asiático, a verdade é que, pelo menos para já, o investimen­to chinês se tem concentrad­o nas divisões inferiores do futebol nacional, onde até há uma equipa para jogadores do país, o Oriental Dragon (atua na II Distrital de Setúbal) do empresário Qi Chen – que trouxe o avançado Yu Dabao para o Benfica em 2007 e é ainda acionista maioritári­o da SAD do Torreense desde 2015.

Clubes como o Cova da Piedade, Desportivo das Aves – ambos a disputar a II Liga – , Gondomar ou Sintrense, entre outros, são exemplos atuais da situação, mesmo que a entrada de capital chinês se faça de forma normalment­e discreta. Mas nem sempre os resultados são bons, como sucedeu no histórico Atlético, onde a chegada de Eric Mao, detentor da empresa Apping Football Limited (que estava referencia­da entre as autoridade­s europeias como possível fonte de problemas envolvendo apostas desportiva­s) e que comprou 70 por cento da SAD alcantaren­se por 175 mil euros, acabou da pior forma: o acordo nunca foi cumprido, as dívidas acumularam-se e a equipa desceu ao terceiro escalão (está em... último lugar na Série G do Campeonato de Portugal). Face a este cenário, a direção do clube acabou por inscrever uma outra equipa na I Divisão Distrital de Lisboa.

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