Diário de Notícias

Vento, choques, um mastro a cair. Emoções fortes com a turbo vela

Ao terceiro dia, o vento soprou na baía do Funchal. Dois barcos chocaram e um deles ficou sem mastro

- JOÃO PEDRO HENRIQUES

Foi na terceira regata da tarde, a oitava do circuito da Extreme Sailing Series (ESS) que começou quinta-feira no Funchal e hoje termina. Eram 15.15. O catamarã da equipa austríaca da Red Bull, com uma navegação radical, chocou com os suíços do Alinghi e cortou-lhe um cabo de sustentaçã­o do mastro.

Não foram precisos segundos para perceber que os danos eram grandes. Lentamente, o mastro inclinou-se pela base para trás até que finalmente caiu. A tarde de corridas acabou para o Alinghi – ninguém se magoou – e falta saber se hoje conseguirá voltar ao mar.

O Reb Bull – que ontem tinha terminado o dia empatado em 1.º lugar precisamen­te com o Alinghi, ambos com 52 pontos – também abandonou essa regata, mas voltaria logo na seguinte (não sofreu danos). Os dois estavam “picados” mas o Alinghi estava a começar a adquirir vantagem sobre o Red Bull, barco capitanead­o pelo austríaco Roman Hagara, um veterano da vela de velocidade com dois ouros olímpicos no currículo.

A equipa foi considerad­a pelos juízes culpada pelo acidente e obrigada a partir 45 segundos atrasada em relação ao resto da frota, reduzida agora, com o Alinghi fora, a seis barcos. Também vai ter de pagar os danos do barco suíço – mas as seguradora­s tratam de tudo. Propriedad­e de um multimilio­nário suíço das indústrias biomédicas, Ernesto Bertarelli, a Alinghi é a única equipa do circuito a dispor de um mastro suplementa­r (cujo custo pode ir aos 100 mil euros).

O velejador português João Cabeçadas, que é o chefe da equipa de terra da equipa suíça, já sabia ao fim da tarde que, provavelme­nte, iria ficar a noite toda a reparar o catamarã. Mas nos bastidores já se sabia uma coisa: pelas regras desta competição, em que os barcos postos fora por culpa alheia continuam a acumular pontos em função da média que tinham até ao acidente, poderá mesmo vencer o circuito madeirense se hoje não voltar ao mar. Por causa desta regra, ontem manteve-se à frente da geral, apesar de não ter feito cinco das sete regatas do dia. Em 2.º lugar segue o Oman Air (campeão de 2015 que este ano lidera o campeonato), depois o Red Bull (3.º), SAP Extreme (4.º), Sail Por- tugal-Visit Madeira (5.º lugar, o mesmo que tinha ontem), Land Rover BAR (6.º) e o Vega (uma equipa que só agora entrou no campeonato, apesar de este já ir na sexta prova). As melhores classifica­ções da equipa portuguesa – agora treinada pelo veterano madeirense dos Jogos Olímpicos João Rodrigues – foram dois terceiros lugares.

Ao terceiro dia, o vento levantou na baía do Funchal e permitiu aos espectador­es finalmente verem o que estes catamarãs fazem melhor: voar baixinho, com os dois cascos fora de água, com velocidade­s que podem ser o triplo da velocidade do vento, por força dos patilhões em forma de ‘J’ invertido que atuam debaixo de água como os flaps nas asas dos aviões, içando o barco e reduzindo o atrito a quase nada.

O secretário da Economia do governo regional da Madeira, Eduardo Jesus, não podia estar mais contente. A Madeira gastou 260 mil euros para ter direito a este circuito – que foi para a organizaçã­o da ESS uma emergência, porque o que estava previsto para a Turquia foi cancelado. O objetivo é manter o Funchal nas edições de 2017 e 2018 da Extreme Sailing Series – um esforço que se insere na estratégia de mudança do perfil turístico da ilha para um turismo mais ativo e menos de “piscina e hotel”. O DN viajou a convite do Turismo da Madeira

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Alinghi perdeu o mastro num acidente com o Redbull

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