Famílias pedem mais apoio na saúde e no emprego
Pais querem consultas ao domicílio, para evitar viagens constantes, e licenças mais prolongadas para acompanhar os filhos
PROPOSTAS Uma licença de maternidade mais alargada, acompanhamento psicológico dos cuidadores, consultas médicas e enfermagem ao domicílio (para evitar idas frequentes aos hospitais e possíveis contágios) são algumas das medidas que os pais dos prematuros gostariam de ver implementadas. Carmen Carvalho, responsável pela unidade de neonatologia do CMIN, não aconselha a ida para o infantário antes dos 2 ou 3 anos, assim como o pediatra Henrique Soares, pois “estas crianças devem, numa fase inicial, ser resguardadas de focos de infeção dada a vulnerabilidade das mesmas”. Um objetivo difícil de concretizar para as mães trabalhadoras.
Sónia Passos, mãe da Maria, tem “a sorte de trabalhar no Estado”. “Quem manteria um emprego a uma mãe que tem de faltar para acompanhar o filho a consultas constantes? E como se pode trabalhar quando o bebé não pode ir para o berçário?” As mães podem optar por ficar de baixa durante o internamento, mas com perda significativa de renumeração. “É uma altura de gastos enormes e todo o dinheiro é essencial. Gasto 200 euros por mês em medicação e quando terminar a licença terei de meter baixa.”
Joana Costa, mãe dos trigémeos ainda internados no CMIN, também acredita que é possível fazer mais. “O pai também deveria ter direito a mais de 15 dias depois do nascimento do bebé, pois a logística é enorme e fazê-lo sozinha torna tudo mais difícil. Terei de enfrentar as viagens sozinha e as más notícias que poderão surgir também. Já na fase posterior da alta seria possível ter um acompanhamento mais próximo às famílias e aos prematuros. Estou de baixa neste momento, com perda de remuneração. É urgente a implementação de uma licença de maternidade alargada, que inclua a fase do internamento.”
Joana Marques, magistrada do Ministério Público, mãe de gémeos prematuros nascidos às 30 semanas, já conhece bem estas dificuldades e reconhece que seria possível fazer muito mais. “Tenho a sorte de não ter um horário definido de trabalho, o que me permite conciliar os horários das consultas e fisioterapia, mas para quem não tem essa facilidade tudo fica mais difícil.”