Diário de Notícias

“Se avariasse agora seria um desprestíg­io muito grande”

- Vice-almirante na reforma e diretor da Revista de Marinha ALEXANDRE DA FONSECA

Qual é o objetivo dos russos de enviarem a frota para a Síria? A deslocação desta força é uma demonstraç­ão pública do interesse dos russos na região e uma prova de que não vão deixar cair o amigo, o presidente Assad. A passagem destes navios serve para provocar o interesse dos media. A Marinha está diretament­e ligada à política externa de um país, permite mostrar interesse por determinad­a zona sem hostilizar ninguém. Este porta-aviões tem um historial de avarias... O problema é o dinheiro. Quando não há dinheiro, a manutenção para e as avarias acumulam-se. E a Rússia viveu durante mais de uma década uma grande crise, que afetou as Forças Armadas. Agora, com Putin, estão outra vez a investir, mas ainda vai demorar tempo para se verem os resultados. Mas se o porta-aviões avariasse agora seria um desprestíg­io muito grande. O porta-aviões já não é novo. Continua a ser importante? Embora seja um porta-aviões com 35 anos isso não quer dizer nada, porque o navio vale pelos aviões que transporta. Além dos Sukhoi Su-33, que já são dos anos 1980 ou 1990, os russos têm os novos MiG-29K. Não sei quais leva a bordo. Mas obviamente que não tem nada que ver com os porta-aviões norte-americanos. Desde logo porque os russos não desenvolve­ram o sistema de catapultas para lançar os aviões, o que faz que estes não possam descolar com muito peso. Nesse sentido, a Rússia está bastante atrás em termos tecnológic­os E que mais poder de fogo têm? Os mísseis de cruzeiro, que podem percorrer até 2000 km, equivalent­es aos tomahawk dos EUA. Eles fizeram uns disparos há uns meses. Mas não sai barato, cada tomahawk custa um milhão de dólares. E os russos não são ricos. Têm de pensar muito bem antes de disparar.

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