“Se avariasse agora seria um desprestígio muito grande”
Qual é o objetivo dos russos de enviarem a frota para a Síria? A deslocação desta força é uma demonstração pública do interesse dos russos na região e uma prova de que não vão deixar cair o amigo, o presidente Assad. A passagem destes navios serve para provocar o interesse dos media. A Marinha está diretamente ligada à política externa de um país, permite mostrar interesse por determinada zona sem hostilizar ninguém. Este porta-aviões tem um historial de avarias... O problema é o dinheiro. Quando não há dinheiro, a manutenção para e as avarias acumulam-se. E a Rússia viveu durante mais de uma década uma grande crise, que afetou as Forças Armadas. Agora, com Putin, estão outra vez a investir, mas ainda vai demorar tempo para se verem os resultados. Mas se o porta-aviões avariasse agora seria um desprestígio muito grande. O porta-aviões já não é novo. Continua a ser importante? Embora seja um porta-aviões com 35 anos isso não quer dizer nada, porque o navio vale pelos aviões que transporta. Além dos Sukhoi Su-33, que já são dos anos 1980 ou 1990, os russos têm os novos MiG-29K. Não sei quais leva a bordo. Mas obviamente que não tem nada que ver com os porta-aviões norte-americanos. Desde logo porque os russos não desenvolveram o sistema de catapultas para lançar os aviões, o que faz que estes não possam descolar com muito peso. Nesse sentido, a Rússia está bastante atrás em termos tecnológicos E que mais poder de fogo têm? Os mísseis de cruzeiro, que podem percorrer até 2000 km, equivalentes aos tomahawk dos EUA. Eles fizeram uns disparos há uns meses. Mas não sai barato, cada tomahawk custa um milhão de dólares. E os russos não são ricos. Têm de pensar muito bem antes de disparar.