Foi embaixador nos Estados Unidos e traduziu romances de Norman Mailer. É autor da biografia de Václav Havel, o dramaturgo que derrubou o comunismo na Checoslováquia. Veio a Portugal para uma exposição na Fundação Mário Soares dedicada aos portugueses na

sobre assuntos práticos e Walesa queria falar sobre filosofia [risos]. A Checoslováquia foi a única federação na Europa de Leste a separar-se de maneira pacífica. Isto foi também um legado de Havel? Penso que ele teve muito que ver com a natureza não violenta da separação. Ele era contra a divisão e lutou muito fortemente para prevenir que acontecesse. Mas quando se tornou óbvia, viu que o mais importante era que acontecesse de maneira pacífica e isso teve um enorme significado para o futuro, porque 24 anos depois da divisão as relações tanto políticas como humanas entre os povos de ambos os países estão tão boas como alguma vez estiveram. É um grande exemplo de tolerância. Pensa que a República Checa de hoje, parte da NATO e da União Europeia, reflete Václav Havel? O seu legado é tão vasto que os elementos importantes ainda estão lá, como as instituições democráticas, e a maneira como o país está organizado. Um grande grau de tolerância e abertura e um muito alto grau de respeito pelos direitos humanos ainda estão lá. Mas por outro lado, pela primeira vez desde 1989, há pessoas no nosso país, incluindo alguns políticos, que questionam o nosso sistema democrático, a nossa integração internacional, a nossa afiliação à NATO, a nossa afiliação na União Europeia e que prefeririam o modelo do sistema de democracia gerida da Rússia, como Vladimir Putin a chama. Alguns deles até veem a China como um modelo. E também há expressões muito desagradáveis de intolerância, tanto domesticamente para as minorias do país como globalmente para os refugiados e migrantes e pessoas doutros países, e isto, é claro, em direto contraste com o pensamento e as ideias de Havel. Mas estas expressões representam uma pequena minoria do espectro político e da opinião pública.