Rui Vitória bate recorde de Hagan num dérbi tranquilo
Benfica venceu o Belenenses por 2-0 e atingiu o 16.º triunfo consecutivo fora da Luz. Os tricampeões mantêm três pontos de avanço sobre o FC Porto e agora cinco sobre o Sporting
O Benfica alcançou sem dificuldades de maior uma vitória por 2-0 no Restelo, diante do Belenenses. Um resultado que marca a carreira do treinador RuiVitória, pois tratou-se do 50.º triunfo em 65 jogos no comando dos encarnados, que lhe vale atingir um recorde do campeonato que já tinha 43 anos, ao alcançar o 16.º jogo consecutivo a vencer fora da Luz, ultrapassando o feito do inglês Jimmy Hagan, também ao serviço das águias, entre abril de 1972 e fevereiro de 1973.
Neste velho dérbi lisboeta, o Benfica estava obrigado a vencer para aumentar a vantagem sobre o Sporting para cinco pontos e manter os três pontos de avanço sobre o FC Porto, a duas semanas de visitar o Dragão. E a principal dúvida que se punha à partida era saber se o Belenenses, que estreava o treinador Quim Machado na Liga, conseguiria aproveitar o cansaço natural dos encarnados, que vinham de um jogo exigente em Kiev para a Liga dos Campeões.
E a resposta ficou dada logo nos primeiros minutos, quando Pizzi cobrou um pontapé de canto direitinho para a cabeça de Mitroglou, que voltou a mostrar a sua queda para marcar ao Belenenses (leva seis). O marcador estava assim aberto aos 10 minutos e, nessa altura, já os encarnados estavam instalados no meio-campo dos azuis.
Quim Machado tinha montado uma estratégia com muitas cautelas, sobretudo no lado direito da sua equipa, ao adiantar o lateral João Diogo para médio ala e adaptando Oriol Rosell como defesa direito, para assim tentar impedir as subidas de Grimaldo e o seu entendimento com Franco Cervi. Além disso, povoou o meio-campo com unidades de combate, como Palhinha, Yebda e André Sousa para tentar emperrar o jogo ofensivo.
Só que faltou ao Belenenses algo que é muito importante e, às vezes, decisivo perante estas equipas que lutam pelo título: agressividade. Os azuis foram sempre uma equipa com pouca intensidade e incapaz de pressionar o portador da bola do adversário. E, nesse contexto, o Benfica sentiu-se bastante confortável. Foi criando lances de perigo quase de forma consecutiva enquanto o Belenenses tentava sair rápido para o contra-ataque, sem grande sucesso, pois Abel Camará e Gerso nunca tiveram grandes espaços para a aproveitar, uma vez que os jogadores encarnados reagiam muito forte à perda da bola...
Ainda assim, na sequência de um canto, aos 25 minutos, Yebda quase empatava o jogo, num cabeceamento que obrigou Ederson a uma defesa fantástica. E foi só...
É verdade que no início da segunda parte o Belenenses entrou mais veloz no jogo, aproveitando alguma apatia do adversário e a forte chuvada que se abateu sobre o relvado do Restelo. Foram dez minutos de fôlego azul que terminaram com um livre de André Sousa em zona frontal... que foi para a bancada.
A partir desse momento, o Benfica voltou à sua matriz de jogo: muita posse de bola, muitos passes em progressão e a velocidade de Gonçalo Guedes e Salvio a fazerem estragos. O segundo golo adivinhava-se. Mitroglou perdeu de forma incrível, na pequena área, uma grande ocasião, mas depois Grimaldo mostrou como se faz, com um remate cruzado sem hipótese para Joel Pereira, que culminou uma boa jogada coletiva com um grande passe de Gonçalo Guedes. O 3-0 esteve à vista logo a seguir, mas o remate de Cervi foi à barra.
À medida que o tempo ia passando, notou-se os jogadores do Benfica cansados, algo natural devido ao esforço num terreno pesado e ao jogo de Kiev, mas a verdade é que o Belenenses não tinha alma para ir à procura de outro resultado. Ainda assim, Ederson ainda teve de se aplicar a um remate de longe de Gerso aos 88 minutos.
Este foi o 50.º triunfo
de Rui Vitória em 65 jogos como treinador do Benfica “Criámos oportunidades diante de um adversário difícil como é o Benfica, chegámos à área, que não é fácil, mas o Benfica pelo que fez venceu”
QUIM MACHADO
TREINADOR DO BELENENSES “Exibição fantástica, que me agradou muito sobretudo pela intensidade que metemos no jogo. Criámos situações em número abundante”
RUI VITÓRIA
TREINADOR DO BENFICA