Moedas traz mais de meio milhão para 12 PME inovadoras
Doze projetos portugueses selecionados em setembro para receber fundos europeus. Financiamento de Bruxelas já chega a 40 empresas nacionais, num total de 8,3 milhões
Apanhar o comboio dos fundos europeus é uma prioridade para as empresas portuguesas poderem financiar-se e impulsionar o seu crescimento. O resultado do esforço de inovação no nosso tecido empresarial é cada vez mais visível. A Comissão Europeia anuncia esta manhã uma nova leva de resultados do Instrumento PME, financiado pelo programa Horizonte 2020, revelando que entre as 1938 propostas de projetos de 40 países entregues na Agência de Execução para as Pequenas e Médias Empresas (PME) em setembro foram selecionados 12 projetos inovadores portugueses, que garantem apoios num valor superior a meio milhão de euros.
Portugal chega assim ao top 10 de países europeus que mais têm aproveitado este apoio direcionado a projetos inovadores, no âmbito da fase 1 do Instrumento PME, numa lista liderada por Espanha, Itália e Alemanha (ver gráfico).
Com as candidaturas portuguesas aceites em setembro, sobe para 49 o número de projetos de pequenas e médias empresas nacionais a beneficiar deste instrumento específico ao abrigo do Horizonte 2020 (fase 1), “num montante total de 2,3 milhões de euros, que demonstra a capacidade inovadora do tecido empresarial português”, afirma o comissário Carlos Moedas, responsável pelo Instrumento PME. Juntando a estes os cinco já selecionados para receber fundos europeus no âmbito da fase 2 do Horizonte 2020, o valor dos apoios que permitirão desenvolver ideias disruptivas em Portugal atinge 8,6 milhões. Saúde lidera mas há surpresas De softwares inovadores para modernizar e descomplexificar os sistemas usados pelo setor segurador (criados pela I2S) a soluções tecnológicas que permitem às pequenas e médias empresas poupar na conta de energia (como a IE2 Advisor, da WATT-IS), o grau de inovação e sofisticação dos projetos para os quais as PME nacionais agora selecionadas garantiram financiamento é notável.
Do rol de ideias fazem ainda parte câmaras altamente sofisticadas, para facilitar o trabalho dos conservadores de museus (da XpeCAM), e plataformas para ajudar os homens de negócios a melhor organizar o seu tempo, de forma a potenciar reuniões de trabalho e encontros quando vão de viagem (da Scramjet). Mas o projeto mais surpreendente talvez seja a TrusTag, que se propõe criar etiquetas em nanopartículas individuais para gamas de produtos, de modo a criar traços de identificação semelhantes ao ADN que permitam garantir que os produtos falsificados ficam fora do mercado.
Ainda assim, a maioria das ideias portuguesas em que Bruxelas reconheceu potencial – apresentadas por empresas de Aveiro, Borba, Cantanhede, Coimbra, Lisboa, Porto, Torres Vedras e Rio Caldo – atua na área da saúde (ver exemplo na entrevista ao lado).
Nesta área, a variedade de projetos vai da criação de instrumentos de reanimação cardíaca tecnologicamente inovadores (da Medsimlab) a terapias direcionadas para doentes que desenvolvem úlceras crónicas – como é o caso dos diabéticos (da Exogenus-Therapeutics).
Cada um destes 12 projetos beneficiará agora de 50 mil euros para financiar estudos de viabilidade de produtos disruptivos no mercado – num total de 600 mil euros –, podendo ainda aproveitar programas de orientação empresarial (coaching).
“O Instrumento PME financia projetos mais pequenos, mais inovadores e mais arriscados”, sublinha Carlos Moedas. “É um instrumento altamente competitivo, em que as empresas portuguesas têm de competir com as melhores empresas da Europa”, destaca o comissário para a Investigação, Ciência e Inovação.
De acordo com os números que serão hoje divulgados pela Comissão Europeia, na última ronda de resultados houve 189 PME inovadoras de 24 países a conseguir financiamento, num total de 9,1 milhões de euros. A nível europeu, a maioria dos projetos financiados atua na área das tecnologias de informação e comunicação (29), seguindo-se o setor dos transportes e sistemas energéticos com baixas emissões de carbono (24).
A próxima leva de resultados será determinada a 9 de novembro deste ano.
77 mil milhões para seis anos Desde o lançamento do programa Horizonte 2020, a 1 de janeiro de 2014, já foram selecionadas 1840 pequenas e médias empresas europeias no âmbito da fase 1 deste instrumento, que conta com um orçamento global superior a 77 mil milhões de euros até 2020. É o maior instrumento da Comunidade Europeia “especificamente orientado para o apoio à investigação, através do cofinanciamento de projetos de investigação, inovação e demonstração”, explica-se na identificação do quadro de apoios, sendo o financiamento concedido na base de concursos em competição e mediante um processo independente de avaliação das propostas apresentadas.
O Horizonte 2020 é composto por três pilares programáticos com âmbitos diferentes, dividindo-se entre a excelência científica (com cerca de 32% do orçamento total), a liderança industrial (correspondente a cerca de 22% do bolo), e os desafios societais (com cerca de 39%).
A par destas três grandes áreas de atuação, existem ainda outros instrumentos que representam, no total, cerca de 6% do orçamento do Horizonte 2020, que conta com cerca de 2% do seu orçamento total como contributo financeiro para o Joint Research Center da Comissão Europeia.
A completar o leque de apoios integrado no programa Horizonte 2020 está o Euratom, divisão destinada a financiar atividades na área da energia nuclear que conta com um orçamento de 2,37 milhões de euros para o período de 2014 a 2020.
“O INSTRUMENTO PME FINANCIA OS PROJETOS MAIS PEQUENOS, MAIS INOVADORES E MAIS ARRISCADOS. É ALTAMENTE COMPETITIVO” CARLOS MOEDAS COMISSÁRIO EUROPEU