Diário de Notícias

Desapareci­do. Polícias à procura do rasto de Martim

PJ e GNR estiveram ontem à procura de Martim, rapaz de 2 anos que desaparece­u de casa dos avós numa aldeia de Ourém

- PAULA SOFIA LUZ

“Foi o tempo de picar uma cebola para o almoço.” Bastaram escassos minutos para que Martim, dois anos de idade, desaparece­sse do olhar da avó Maria, à entrada da casa onde mora a família, numa pequena aldeia da freguesia de Urqueira, no concelho de Ourém. Ontem à noite, à hora de fecho desta edição, dezenas de polícias e cães (GNR e PJ) continuava­m a patrulhar as redondezas, mas nem sinal do bebé, que desaparece­u daquele pátio por volta das 09.30, num curto espaço de tempo em que a avó foi “adiantar o almoço”, tal como contou ao DN Daniel Castelão, um dos vizinhos que a ouviram gritar, à procura do neto.

“Procurámos logo aqui por todo o lado, mesmo antes de chegar alguém da GNR. Levantámos as tampas dos poços, procurámos na ribeira, por toda a parte. Mas o menino não se encontrava em lado nenhum”, acrescenta. Em poucas horas estava montado o aparato que foi crescendo, ao longo do dia, com carros da polícia e câmaras de televisão. Naquela travessa há cinco casas, nem todas habitadas. A vivenda onde Martim morava com a mãe e os avós é a última, numa espécie de cabeço que confronta com um pinhal. Iponina Vieira, vizinha da família, apontou um facto que não a deixou indiferent­e. “Sabe o que é estranho? Eles têm dois cães que não deixam ninguém lá chegar ao pé de casa. E a senhora diz que eles de manhã não fizeram barulho nenhum.”

O dia da família Silva terá começado cedo, já que o avô – camionista numa empresa da freguesia – rumou para Espanha ainda de madrugada. Sandrina, a mãe de Martim – a viver em casa dos pais desde a separação do pai do bebé, emigrante em França – ficara a dormir em Leiria. “Ela trabalha num restaurant­e, e por vezes, quando sai tarde, fica lá, num apartament­o”, conta João António, que apesar não viver ali passa muito tempo na aldeia da Amieira, onde mora uma irmã. “Ainda há dias estive ali com o menino. Estivemos todos a debulhar feijões, e ele a comer morangos”, lembra agora, enquanto constata “a pouca sorte desta família”: faz agora um ano que morreu o irmão mais velho de Sandrina, deficiente profundo.

O desapareci­mento de Martim aconteceu dois dias depois da audiência de regulação do poder parental. Na sexta-feira, Sandrina saiu do tribunal de Pombal (onde funciona a secção de família e menores) com a guarda do filho. O ex-companheir­o também esteve na sala de audiências, mas terá regressado a França. Pouco tempo depois do desapareci­mento de Martim, circulavam pelo Facebook duas fotos do menino, uma delas ao colo da mãe, outra com a indicação “não está descartada a hipótese de rapto”. De manhã, a mãe do bebé ainda atendeu o telefone a alguns jornalista­s, mas deixou de o fazer a partir da tarde. A família permaneceu no interior da habitação, resguardad­a dos jornalista­s.

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GNR recorreu a equipas cinotécnic­as para buscas em redor da casa

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