Desaparecido. Polícias à procura do rasto de Martim
PJ e GNR estiveram ontem à procura de Martim, rapaz de 2 anos que desapareceu de casa dos avós numa aldeia de Ourém
“Foi o tempo de picar uma cebola para o almoço.” Bastaram escassos minutos para que Martim, dois anos de idade, desaparecesse do olhar da avó Maria, à entrada da casa onde mora a família, numa pequena aldeia da freguesia de Urqueira, no concelho de Ourém. Ontem à noite, à hora de fecho desta edição, dezenas de polícias e cães (GNR e PJ) continuavam a patrulhar as redondezas, mas nem sinal do bebé, que desapareceu daquele pátio por volta das 09.30, num curto espaço de tempo em que a avó foi “adiantar o almoço”, tal como contou ao DN Daniel Castelão, um dos vizinhos que a ouviram gritar, à procura do neto.
“Procurámos logo aqui por todo o lado, mesmo antes de chegar alguém da GNR. Levantámos as tampas dos poços, procurámos na ribeira, por toda a parte. Mas o menino não se encontrava em lado nenhum”, acrescenta. Em poucas horas estava montado o aparato que foi crescendo, ao longo do dia, com carros da polícia e câmaras de televisão. Naquela travessa há cinco casas, nem todas habitadas. A vivenda onde Martim morava com a mãe e os avós é a última, numa espécie de cabeço que confronta com um pinhal. Iponina Vieira, vizinha da família, apontou um facto que não a deixou indiferente. “Sabe o que é estranho? Eles têm dois cães que não deixam ninguém lá chegar ao pé de casa. E a senhora diz que eles de manhã não fizeram barulho nenhum.”
O dia da família Silva terá começado cedo, já que o avô – camionista numa empresa da freguesia – rumou para Espanha ainda de madrugada. Sandrina, a mãe de Martim – a viver em casa dos pais desde a separação do pai do bebé, emigrante em França – ficara a dormir em Leiria. “Ela trabalha num restaurante, e por vezes, quando sai tarde, fica lá, num apartamento”, conta João António, que apesar não viver ali passa muito tempo na aldeia da Amieira, onde mora uma irmã. “Ainda há dias estive ali com o menino. Estivemos todos a debulhar feijões, e ele a comer morangos”, lembra agora, enquanto constata “a pouca sorte desta família”: faz agora um ano que morreu o irmão mais velho de Sandrina, deficiente profundo.
O desaparecimento de Martim aconteceu dois dias depois da audiência de regulação do poder parental. Na sexta-feira, Sandrina saiu do tribunal de Pombal (onde funciona a secção de família e menores) com a guarda do filho. O ex-companheiro também esteve na sala de audiências, mas terá regressado a França. Pouco tempo depois do desaparecimento de Martim, circulavam pelo Facebook duas fotos do menino, uma delas ao colo da mãe, outra com a indicação “não está descartada a hipótese de rapto”. De manhã, a mãe do bebé ainda atendeu o telefone a alguns jornalistas, mas deixou de o fazer a partir da tarde. A família permaneceu no interior da habitação, resguardada dos jornalistas.