Desculpem-me a presunção: não sei nada disso
As finanças pátrias andavam mal e leitores pediram-me satisfações: então, é só Trump? Mas, a sério, alguém quer ouvir a minha opinião sobre um segundo resgate? Ontem, o défice caiu um pouco e antes que leitores de outro bordo me empurrem – deixe lá o Trump, há uma boa notícia! – eu exponho já a minha ignorância: é uma boa notícia? Apresento-me: sou eu, aquele que não faz a mínima ideia sobre, por exemplo, o significado do rating que a DBRS – é uma agência, parece, mas não sei mais – nos dá sobre qualquer coisa. Por amor da santa, escutem outros portugueses, quase todos, esses que sabem dessas coisas, eu não.Temos surtos de sabedoria especificada e, agora, é finanças públicas. Infelizmente, estou imune – só mesmo se alguém armado em treinador do FCP me fizesse desenhos, mas nem assim. A ignorância, porém, levou-me a reparar em alguns fenómenos. O futebol, já que falei dele: vê-se cada vez menos (transmissões de jogos, quase só em canais a pagar) mas fala-se dele cada vez mais (em quatro canais e todos os dias com conversetas sobre ele). Somos assim, especialistas do que não temos: muito parlapié sobre emblemas, tal como muita teoria económica; ao que corresponde, pouco jogo jogado, tal como pouco dinheiro no bolso. Ougados, enfim. Mas, então, sobre Trump porque falo tanto? Ah, porque topo um Trump quando vejo um. Não sou um especialista, sou um espantado.Tracei uma linha: os espantados e os não espantados. E vou voltar.