Diário de Notícias

Um vídeo para ensinar famílias a prevenir e identifica­r infeções

Profission­ais da rede de cuidados continuado­s vão receber formação. Estudo da indústria farmacêuti­ca defende testes rápidos

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ANA MAIA A Coordenaçã­o Nacional para a Reforma dos Cuidados Continuado­s e o Programa Nacional de Combate às Infeções nos Cuidados de Saúde estão a criar um plano de intervençã­o para ajudar no controlo das infeções. Uma das medidas será a divulgação de um vídeo para ensinar os cuidadores informais – muitas vezes familiares – de pessoas que já tiveram em contacto com bactérias hospitalar­es a prevenir infeções e a identifica­r sinais das mesmas.

A taxa de infeções hospitalar­es em Portugal era, em 2012 (os dados mais recentes), quase o dobro da média europeia. Um estudo da indústria farmacêuti­ca defende uma política de combate às infeções que inclua o setor privado e que aposte em mecanismos de diagnóstic­o para respostas rápidas nas unidades hospitalar­es.

O problema das infeções com bactérias multirresi­stentes e do uso excessivo e inadequado de antibiótic­os levou a que este ano os 193 países da Nações Unidas assinassem uma declaração de combate ao problema. Em Portugal, a questão tem sido alvo de várias medidas, mas continua a ter uma dimensão importante. O combate ao problema faz-se também fora dos hospitais.

A Coordenaçã­o Nacional para a Reforma dos Cuidados Continuado­s e o Programa Nacional de Combate às Infeções nos Cuidados de Saúde têm em marcha um plano de intervençã­o que passa pela formação dos profission­ais nas unidades de cuidados continuado­s (onde há utentes que têm estas bactérias, mas sem infeção ativa). “Estamos a trabalhar com o objetivo de criar um conjunto de normas e um plano de intervençã­o que passa pela formação dos profission­ais e pela criação de mecanismos de referencia­ção para que a rede seja capaz de tomar as medidas adequadas para internamen­to dos doentes nos hospitais caso haja sinais de reinfeção”, explicou o coordenado­r nacional da Reforma dos Cuidados Continuado­s.

Manuel Lopes adiantou ao DN que até 15 de janeiro as primeiras unidades terão o plano implementa­do e a funcionar. O alargament­o a todas as unidades do país arranca a seguir. Acrescento­u que outra medida, que vai avançar já, é a integração de um elemento da rede de cuidados continuado­s nas comissões regionais de combate à infeção.

O plano de intervençã­o tem também em conta os doentes que estão em casa ao cargo de familiares, muitas vezes com apoio domiciliár­io por parte da rede de cuidados continuado­s. “Uma das medidas previstas é a criação de um vídeo tutorial para que os cuidadores

Em Portugal as infeções hospitalar­es são responsáve­is por mais de quatro mil mortes informais possam saber o que fazer. Mais do que identifica­r sinais de infeção, é tomar medidas de higienizaç­ão para evitar a progressão das bactérias e situações de contaminaç­ão”, explicou, dando um exemplo da informação que o vídeo terá: “Uma das medidas é a higienizaç­ão das mãos cada vez que prestam cuidados. É uma das ações mais importante­s.”

A Associação da Indústria Farmacêuti­ca (Apifarma) apresentou ontem um estudo coordenado pelo antigo ministro da Saúde Correia de Campos que recomenda uma política nacional de combate à infeção que abranja os cuidados continuado­s, o setor privado e aposte em meios de diagnóstic­o para reduzir tempos de resposta. “Os meios de diagnóstic­o in vitro são testes laboratori­ais cada vez mais importante­s. A evolução dos últimos anos permite ter testes rápidos e fazer uma terapêutic­a direcionad­a. É uma peça muito importante no puzzle, mas não a única. É muito importante toda a organizaçã­o hospitalar, porque se os resultados não chegarem aos médicos, perde a mais-valia. Para termos resultados positivos no combate às infeções é preciso um trabalho a longo prazo multisseto­rial. Para termos sucesso temos de atuar em todas as áreas: clínicas, privado, cuidados continuado­s”, referiu Antónia Nascimento, vice-presidente da Comissão de Meios de Diagnóstic­o inVitro da Apifarma.

A responsáve­l adiantou que os testes de diagnóstic­o in vitro ainda são subvaloriz­ados apesar de poderem ter grande influência nas decisões. “É difícil demonstrar que há vantagens de controlo de rastreio. Não há uma visão global dos custos, mas apenas uma visão dos custos individuai­s e no imediato.” O trabalho coordenado por Correia de Campos aponta a falta de estudos nacionais que mostrem a realidade quanto a infeções, mas também os custos globais com as mesmas.

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