PJ admite que Pedro Dias esteja a receber ajuda
Diretor adjunto da Judiciária desvaloriza descoordenação entre polícias, mas aceita ter havido um ou outro episódio
Pedro Dias, o homem suspeito de um duplo homicídio em Aguiar da Beira, pode ter recebido e estar a receber ajudas de terceiros, bem como é provável que possa ter conhecimento dos passos das autoridades através da comunicação social. Foi Pedro do Carmo, diretor-nacional adjunto da PJ, ontem entrevistado na RTP1, quem admitiu estas hipóteses. O responsável rejeitou ter havido descoordenação entre as polícias, apesar de “haver um outro episódio que possa ter ocorrido” e que a seu tempo será avaliado.
A divulgação da foto do suspeito logo no dia do crime foi um dos primeiros indícios de descoordenação, facto que é agora desvalorizado pelo diretor adjunto da PJ. “Não é possível dizer que prejudica ou beneficia. Torna a fuga uma realidade mais intensa – o fugitivo passa a saber que as autoridades sabem quem ele é. Simultaneamente podem ser reportados avistamentos e ajudar as buscas.”
O número dois da PJ salientou que “situações como esta são complexas, difíceis e dinâmicas” para as polícias. Garantiu que PJ e GNR têm mantido, desde o início, contactos a todos os níveis, “desde os homens no terreno até às chefias intermédias e às instâncias mais altas”. Sobre a reunião promovida por Helena Fazenda, secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, afirmou que foi normal e que até já se realizou uma nova reunião com os responsáveis da PJ e da GNR, com a presença ainda do procurador distrital do Porto.
Na entrevista, com respostas quase sempre no campo das probabilidades, o dirigente da PJ admitiu que Pedro Dias, o homem procurado por duplo homicídio em Aguiar de Beira, já se tenha deslocado para outra região do país, mas tem como mais provável que o suspeito, em fuga há duas semanas, ainda esteja em Portugal, embora isso não possa ser assegurado com certeza absoluta. Pedro do Carmo falou sempre em cenários possíveis quando se referiu às casas no distrito deVila Real e a um jipe furtado há dois dias. “Não há certezas de que o suspeito tenha sido o autor do furto, nem que tenha estado nas casas. Mas é um cenário possível.” Assim como de ter visto televisão e ficado informado das buscas. Para o responsável, a área das buscas é muito grande, o que gera dificuldades. Porém, este mostrou-se convicto de que “mais cedo ou mais tarde” Pedro Dias será capturado.
Pedro Dias, conhecido como Piloto, está desaparecido desde dia 11 deste mês, data em que dois militares da GNR foram atingidos a tiro, em Aguiar da Beira, no distrito da Guarda. Um morreu e outro ficou ferido. Na mesma madrugada, um homem morreu e a mulher ficou gravemente ferida, também alvejados a tiro na viatura em que seguiam. A perseguição começou. Nos últimos 13 dias, o homem já terá sido já localizado em Arouca, São Pedro do Sul, e emVila Real. No domingo, dia 16, uma patrulha da GNR terá localizado o suspeito, emVila Real, mas o homem acabou por fugir. No dia seguinte, junto à aldeia de Carro Queimado, foi encontrada a viatura que terá roubado. O último episódio envolve um jipe furtado na segunda-feira, em Sabrosa. Suspeita-se de que pode ter sido Pedro Dias.