Doentes reumáticos pedem horário flexível
TRABALHO “O mercado de trabalho não está preparado para receber pessoas que não estão na sua plenitude de capacidade funcional”, afirma Augusto Faustino, um dos coordenadores do estudo“Doenças reumáticas: produtividade, empregabilidade e saúde social”, promovido pela Plataforma Portugalapto.pt, apresentado hoje. Segundo o inquérito, que teve uma amostra de 358 pessoas com doença reumática diagnosticada, adultos profissionalmente ativos ou reformados de uma consulta de reumatologia geral, 30% dos inquiridos tiveram pelo menos um dia de baixa devido à doença no último ano e, destes, 5,6% estiveram de baixa entre 120 e 265 dias.
O impacto das doenças reumáticas faz-se também sentir no tempo de trabalho: quase 50% dos inquiridos trabalharam metade das horas que deviam na última semana e 87% disseram que a doença afetou, mesmo que ligeiramente, a produtividade. Augusto Faustino defende que pequenos ajustes podem ser o suficiente para manter estes profissionais no trabalho, poupando também custos à sociedade. O estudo questionou por isso os doentes sobre quais as principais alterações que deveriam existir.
“Flexibilidade de horário, pausas alargadas entre períodos de trabalho ou maior controlo do ritmo de trabalho foram fatores muito sugeridos. Também a nível das condições do mobiliário, melhoria das condições de postura, menor carga física. Temos sugestões mais genéricas de alterações do acesso aos medicamentos e à reabilitação e alterações em termos de legislação laboral”, disse.
O estudo destaca que, entre os doentes reformados, 50% afirmam que foi a doença que levou à reforma antecipada. “As pessoas acabam por se reformar porque a forma como está organizado o sistema de avaliação de incapacidade e o sistema de adaptação dos locais de trabalho funciona numa lógica de tudo ou nada”, diz, considerando que o sistema acaba por levar os doentes à reforma antecipada quando têm baixas prolongadas.