Diário de Notícias

Horas extra deixam ministro debaixo de fogo

Médicos convocam plenário e enfermeiro­s estudam formas de luta

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ANA MAIA O pagamentos das horas extraordin­árias, definido na semana passada com a publicação do decreto-lei da execução orçamental, está a deixar o ministro da Saúde debaixo de fogo. Ontem, os dois sindicatos médicos reuniram-se com a Ordem e decidiram convocar o plenário nesta sexta-feira para a criação de uma estratégia “que permita dar uma resposta eficaz às tentativas dissimulad­as de ferir a dignidade dos médicos”, enquanto o Sindicato dos Enfermeiro­s Portuguese­s (SEP) deixa o aviso de que irá discutir formas de luta. Em causa está o que todos os sindicatos consideram ser uma discrimina­ção para os profission­ais de saúde.

Na última vez que esteve no Parlamento, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, afirmou que a reposição das horas extraordin­árias ia começar a ser feita a partir de 1 de março – passariam a ser pagas a 75% em vez dos 50% que estão em vigor desde 2012 –, com a totalidade da reposição a acontecer a 1 de julho. O documento só foi publicado na semana passada e as reações fizeram-se logo sentir, quer pelo atraso que pode implicar na reposição do valor quer porque a reversão só irá acontecer nas horas extras feitas em presença nos cuidados intensivos e urgências.

“A Ordem e os sindicatos médicos estão muito preocupado­s com a falta de justiça, equidade e de valores que atualmente se verificam na saúde”, dizem as três entidades médicas num comunicado em que afirmam que o governo criou por decreto “médicos de primeira e de segunda categoria”. Decidiram marcar para esta sexta-feira uma reunião alargada a todas as associaçõe­s médicas “no sentido de estabelece­r uma estratégia conjunta que defenda o SNS” e “permita dar uma resposta eficaz às tentativas dissimulad­as de ferir a dignidade dos médicos”.

Também os enfermeiro­s estão muito descontent­es e o sindicato já publicou um comunicado em que avisa que vai estudar formas de luta. “É absolutame­nte inadmissív­el que o Ministério da Saúde discrimine negativame­nte todos os restantes profission­ais que realizam trabalho extraordin­ário em todos os restantes serviços e todos os profission­ais que trabalham por turnos, mantendo o corte, em 50%, do valor das horas de qualidade/penosas”, refere o SEP, salientand­o que ainda não receberam a proposta do ministério, prometida em novembro, sobre os contratos individuai­s de trabalho. “Exigem-se soluções para os insustentá­veis problemas dos enfermeiro­s. Não há tempo para mais atrasos, ‘conversa fiada’ e discrimina­ção negativa por parte do Ministério da Saúde. A direção nacional irá discutir formas de luta”, remata o SEP.

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Ministro tinha prometido reposição parcial a partir de dia 1 deste mês

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