Diário de Notícias

Fusão Peugeot-Opel sem impacto na fábrica de Mangualde

Carlos Tavares afastou hipótese de fecho de unidades e despedimen­to de trabalhado­res. Negócio de 2,2 mil milhões de euros estará concluído até final do ano

- DIOGO FERREIRA NUNES

A fusão da Peugeot-Citroën (PSA) com a Opel-Vauxhall não vai ter qualquer impacto na fábrica portuguesa, em Mangualde. Esta é a garantia dada pelo próprio presidente da unidade fabril ao DN/Dinheiro Vivo, no dia em que foi tornada pública a compra da Opel-Vauxhall pelo grupo PSA por um total de 2,2 mil milhões de euros. A operação foi liderada pelo português Carlos Tavares, presidente executivo do grupo francês.

“O acordo entre o Grupo PSA e a Opel, além dos projetos comuns que já têm vindo a realizar, dá-nos a possibilid­ade de desenvolve­r inúmeras sinergias e permite-nos ser mais eficientes”, assinalou José Maria Castro Covelo, diretor-geral do centro de produção de Mangualde. O DN/Dinheiro Vivo sabe que esta é a garantia obtida também pelo governo português.

A fábrica portuguesa do grupo PSA, onde são fabricados comerciais ligeiros, está a beneficiar de um investimen­to de 48 milhões de euros. Em 2019, espera-se a criação de um terceiro turno de produção que poderá contar com um número entre 250 e 300 trabalhado­res para a produção de um novo modelo, o K9. A fábrica de Mangualde, que fornece a congénere espanhola de Vigo, conta atualmente com 725 operários, que produziram 49 465 unidades no ano passado.

O português Carlos Tavares garantiu ontem que os trabalhado­res não serão afetados pela aquisição da Opel. “Não fechámos qualquer fábrica desde que assumi a PSA [em 2014]. Antes de mais, temos de acreditar no talento das pessoas. Fechar uma fábrica é bastante simplista. Temos apostado em unidades mais pequenas e com menores custos. Não precisamos de fechar fábricas”, referiu o português na sede da PSA, em Paris.

Carlos Tavares vai liderar o segundo maior grupo automóvel europeu – apenas atrás do grupo Volkswagen –, com vendas anuais de 4,3 milhões de automóveis na região e um total de 223 mil trabalhado­res espalhados pelo mundo.

A PSA comprou a Opel-Vauxhall (marca britânica) à General Motors (GM) por 2,2 mil milhões de euros: 1,2 mil milhões vão para o segmento de produção da marca alemã e 900 milhões de euros destinam-se à unidade financeira da GM. Mas o grupo norte-americano irá desembolsa­r três mil milhões de euros para gerir os planos de pensões dos trabalhado­res da Opel na Alemanha, que vão ser transferid­os para o grupo francês, de acordo com o modelo da operação que esteve a ser desenhado pelo BNP Paribas.

Na bolsa, as reações ao negócio foram diversas: em Paris, as ações da Peugeot subiram 2,7%, negociando a 19,58 euros, o valor mais alto desde julho de 2011; na General Motors caíam 1,1% para 37,81 dólares à hora de fecho desta edição.

A PSA e a Opel-Vauxhall esperam que a fusão esteja concluída antes do final deste ano. A marca alemã sai do grupo General Motors ao fim de 88 anos de ligação ao continente europeu. Será o “início de uma nova era” para a Opel, como assinalou Karl-Thomas Neumann, CEO da empresa.

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Português Carlos Tavares passa a liderar segundo maior grupo automóvel da Europa

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