“Nunca sob a V República uma eleição presidencial sucedeu numa situação tão confusa”
contra os centristas” da UDI. O presidente desta formação, Jean-Christophe Lagarde, que retirou o apoio a Fillon, mantinha ontem: os “LR têm de mudar de candidato para haver uma hipótese de vitória”. Lagarde disse que os LR são o aliado privilegiado da UDI, mas com novo candidato. O que, a avaliar pela reunião do comité diretivo de LR, não vai suceder.
No final, um dirigente de LR, Gérard Larcher, afirmou que o “comité político renovou, por unanimidade, o apoio e a confiança a François Fillon”. Este, que continua com as ações e contactos previstos, apesar da hemorragia de quadros que se tem verificado na sua campanha na passada semana, foi ontem longamente ovacionado à entrada para um encontro com empresários de PME. Nenhum outro candidato, nem o popular Macron, cada vez com uma posição forte nas sondagens, teve direito a igual receção.
O candidato apoiado pelo LR prometeu uma “nova equipa” para esta semana, demonstrando que ele é uma personalidade “federadora”. Perante o cenário de uma cimeira Sarkozy-Juppé-Fillon compreende-se o que pode ser o tema principal em discussão. Algumas personalidades do partido sugeriam que Baroin poderá ser o primeiro-ministro se Fillon chegar ao Eliseu em maio.
Mas poucas horas deste encontro, uma sondagem mostrava que apenas 29% dos franceses querem que Fillon mantenha a candidatura ao Eliseu, com 71% a pronunciarem-se em sentido oposto. O trabalho do instituto Harris Interactive, para a RMC e para a publicação online Atlantico, mostrava, contudo, que aquele primeiro número apresentava uma pequena melhoria, face a sondagem idêntica da passada semana, quando apenas 25% dos inquiridos se pronunciaram contra a desistência de Fillon.
O desenlace da reunião do comité diretivo não significa o fim das críticas a Fillon. Um antigo primeiro-ministro de Jacques Chirac, Dominique de Villepin, declarava ontem, de forma taxativa, que “certamente não votaria” em Fillon, caso persista a candidatura. Por seu lado, o presidente do partido na região da Provence-Alpes-Côte-d’Azur, Christian Erdosi, afirmava que Fillon “não pode ganhar (...) e não se pode contentar em dizer que ‘sou eu que tenho legitimidade’ por ter ganho as primárias”.
Fillon é ouvido pela justiça no próximo dia 15.