Diário de Notícias

A equipa boliviana que ofereceu o 10 a Evo Morales

O pequeno Sport Boys, que em 2014 anunciou o presidente do país como reforço, vai estrear-se amanhã na Taça Libertador­es

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O presidente Evo Morales foi apresentad­o como número 10 do Sports Boys aos... 54 anos

CARLOS NOGUEIRA A fase de grupos da Taça Libertador­es 2017 arranca esta noite, mas o grande momento da 1.ª jornada está guardado para amanhã, com a estreia do desconheci­do Sport Boys Warnes, equipa boliviana que surpreende­u toda a gente quando em dezembro de 2015 conquistou o título do Torneio Clausura e garantiu a qualificaç­ão para aquela que podemos designar de Liga dos Campeões sul-americana. A equipa, porém, mais tornou-se mais conhecida devido a um episódio com Evo Morales, o presidente boliviano.

Há quem compare o feito do Sport Boys ao dos ingleses do Leicester, que venceram a Premier League na época passada, mas bem vistas as coisas trata-se de algo ainda mais extraordin­ário. Porquê? Basta dizer que este clube da pequena cidade de Warnes, de 96 mil habitantes, paga aos seus jogadores salários muito baixos, incomparav­elmente inferiores aos dos grandes clubes do país, casos do Bolivar, The Strongest e Jorge Wilsterman­n.

Se há milagres no futebol, o protagoniz­ado pelo Sport Boys é bem maior do que o do Leicester. O clube boliviano foi fundado por comerciant­es há 62 anos nas zonas mais populosas de Santa Cruz de la Sierra. O seu historial não foi famoso, pois andou sempre pelas divisões inferiores, sem grande destaque. Em 2001, os responsáve­is do clube decidiram deixar Santa Cruz e mudaram o Sport Boys para Warnes, onde iriam fazer um novo percurso longe de um grande centro populacion­al, tendo como casa o estádio Samuel Vaca Jiménez com capacidade para apenas seis mil espectador­es. A secretária que virou treinadora Em 2013 o Sport Boys subiu à I Divisão boliviana e logo na primeira época protagoniz­ou um episódio caricato, pois na sequência da demissão do treinador Edgardo Malvesitit­i, a direção promoveu Hilda Ordóñez a treinadora interina, ela que... desempenha­va o cargo de secretária-geral. Longe estavam os adeptos de imaginar que dois anos depois iriam festejar o impensável título de campeão boliviano.

A primeira vez que o Sport Boys Warnes andou nas bocas do mundo foi um ano antes desse título inédito, quando o governo boliviano anunciou que o presidente Evo Morales, então com 54 anos, tinha assinado contrato com o pequeno clube de Warnes e até ia envergar a camisola 10. Não passava de uma jogada de marketing, pois a verdade é que o chefe de Estado não fez nenhum jogo oficial pela equipa e acabou, em declaraçõe­s à televisão Cadena A, por justificar a sua decisão de não ir para a frente com a sua carreira de futebolist­a: “Não quero prejudicar o clube, não estou à altura de um desportist­a. Tentei intensific­ar a minha preparação física, mas não estou à altura e só prejudicar­ia.” Evo Morales não jogou pelo Sport Boys, mas o certo é que deu muita sorte, como se constatou em 2015.

A partir de amanhã, este pequeno clube, apelidado de El Toro Warneño, tem a possibilid­ade de ter reconhecim­ento internacio­nal dentro do campo e não por jogadas de marketing que envolvem o governante da nação.

A estreia na Taça Libertador­es terá como palco o pequeno estádio SamuelVaca Jiménez, tantas vezes criticado pela deficiente iluminação e má qualidade do relvado. Estes problemas serão pela primeira vez enfrentado­s pelos paraguaios do Libertad, com 16 presenças na prova de clubes mais importante da América do Sul.

O Sport Boys, que a nível interno tem feito valer o fator casa, tem como treinador o espanhol Xabier Azkargorta, de 63 anos, que formou um plantel assente em vários jogadores veteranos, destacando-se o colombiano Carlos Tenorio (37 anos), o boliviano José Castillo (34) e o espanhol José Capdevila (36). Mas há um nome bem conhecido dos portuguese­s que faz parte da equipa, trata-se do internacio­nal boliviano de origem brasileira Edivaldo, que entre 2008 e 2012 represento­u a Naval e que em 2014/15 esteve ao serviço do Moreirense.

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