Trintão de ouro. Nelson vive segunda juventude sem prazo de validade
Após título europeu de pista coberta, Évora ataca mundiais de ar livre, onde só Jonathan Edwards foi ao pódio com mais de 32 anos
Nelson Évora revalidou o título europeu de triplo salto indoor, algo que ninguém fazia desde o russo Leonid Voloshin, em 1994
RUI MARQUES SIMÕES Nelson Évora saltou por cima de todos os obstáculos – um interminável calvário de lesões, operações e períodos de recuperação – para voltar ao topo do atletismo mundial. Agora, com mais uma medalha de ouro ao peito (de campeão europeu de triplo salto, em pista coberta), volta a desafiar a idade: o próximo objetivo é subir ao pódio nos Mundiais de ar livre, que decorrem em Londres, de 4 a 13 de agosto. Só o lendário Jonathan Edwards o conseguiu com mais de 32 anos.
Nelson completa, a 20 de abril, 33 anos – idade em que poucos triplistas se mantêm no auge. No entanto, desde que recuperou da sucessão de lesões, na tíbia e no joelho, que o afastaram da ribalta entre 2009 e 2014, o saltador vive uma segunda juventude, sem prazo de validade. Já depois dos 30, sagrou-se campeão europeu de pista coberta em Praga 2015, trouxe a medalha de bronze dos mundiais de ar livre de Pequim 2015, e revalidou o título continental de pista coberta no domingo, em Belgrado. Agora, promete continuar a voar sobre todos os obstáculos, incluindo a idade, perspetiva Miguel Lucas, treinador, psicólogo e um dos técnicos que ajudaram a trilhar o caminho de sucesso de Portugal nas provas internacionais de saltos.
“Tanto da perspetiva de treinador e psicólogo como da de alguém que tem acompanhado o Nelson desde tenra idade, penso que há legitimidade para dizer que ele ainda pode conseguir aquilo que tanto ambicionou ao longo da carreira, que é chegar aos 18 metros [de salto]”, garante, ao DN, o antigo técnico de Carlos Calado, primeiro saltador português a ganhar medalhas internacionais (prata no comprimento, nos Europeus indoor de 1998). “Mais do que superar-se em resultados desportivos, o Nelson conseguiu superar um calvário de lesões físicas, com todas as feridas emocionais que isso lhe foi deixando ao longo do tempo, e apresentar-se ao mais alto nível, com marcas como os 17,52 metros dos Mundiais de 2015”, recorda Miguel Lucas, para concluir que, “apesar de não ter de