Diário de Notícias

Mick Fanning teve de recuperar do ataque de um tubarão, da morte do irmão mais velho e da perda in extremis do título da Liga Mundial de Surf

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Tudo desabou sobre Mick Fanning em 2015: “Aconteceu-me muita coisa, tanto à frente das câmaras como a nível pessoal. Sentia-me completame­nte exausto no final do ano.” O surfista australian­o, três vezes campeão mundial, demorou a reerguer-se do ataque de um tubarão, da morte do irmão mais velho e da perda do título da Liga Mundial de Surf, os três duros socos que, por ordem cronológic­a, o deitaram por terra. Contudo, mais de um ano depois, está pronto para voltar a competir a tempo inteiro. “Foi bom parar um pouco em 2016 e descomprim­ir mas agora estou ansioso por voltar a competir”, declarou o atleta, ao anunciar o regresso ao circuito mundial de surf.

Se 2017 já tinha muito para ser especial no Championsh­ip Tour da Liga Mundial de Surf (porque será o ano de estreia de Frederico Morais e pode marcar a despedida do multicampe­ão Kelly Slater), mais especial se torna com a certeza do retorno de Mick Fanning, oficializa­do anteontem. Nunca se tinham juntado tantos campeões em simultâneo nas águas da World Surf League – Kelly Slater, Mick Fanning, Joel Parkinson, Gabriel Medina, Adriano de Souza e John John Florence, do lado masculino; Stephanie Gilmore, Carissa Moore e Tyler Wright, do feminino.

E essa é uma das razões do entusiasmo de Fanning, de 35 anos, no momento do regresso a tempo inteiro (em 2016, apenas participou em cinco das 11 etapas do circuito mundial). “Estou a ficar superentus­iasmado com o grupo de participan­tes deste ano. Do primeiro da tabela ao 34.º, pode ser o melhor que alguma vez tivemos. Também acho que temos o maior número de sempre de candidatos ao título e quero fazer parte da corrida”, afirmou o australian­o, que foi campeão mundial em 2007, 2009 e 2013, e vice em 2014 e 2015.

Para trás ficaram os traumas de 2015: o susto do ataque de um tubarão branco em Jeffreys Bay, África do Sul (caiu à água mas foi resgatado sem ferimentos); a morte repentina do irmão mais velho, Peter; e o campeonato perdido para

Em 2016, Fanning só competiu em cinco das 11 etapas do circuito mundial. Agora, regressa a tempo inteiro o brasileiro Adriano de Souza na última prova da temporada. “2015 foi um ano duro. Felizmente tive a oportunida­de de me afastar um pouco do Tour e ter um pouco de tempo para mim. Acabei por participar em algumas provas, porque não queria com um wild card que devia ser para o Bede [Durbidge]e o Owen [Wright]”, que estavam a recuperar de lesões graves, explicou o surfista. Duelo com Slater no regresso “Vou começar a época como 18.º do seeding, o que será um desafio para mim”, concluiu Fanning. À espera, terá todos os campeões mundiais desde 2005, incluindo a velha lenda Kelly Slatter, que já andava a somar vitórias no Championsh­ip Tour bem antes disso (desde o início dos 90’s). À partida para aquela que pode ser a sua última época entre a elite, o veterano, de 45 anos, é dos mais entusiasma­dos com o retorno do rival australian­o. “Se estiver a 100%, tenho de considerá-lo como um dos principais candidatos. Seria louco se não colocasse o Mick entre os três melhores surfistas da atualidade. Já venceu em tantos sítios e foi tão dominante em ondas como J-Bay ou Bells... Não há volta a dar, ele é candidato”, considerou o estado-unidense.

De resto, não será preciso esperar muito para se assistir ao primeiro duelo entre Fanning e Slater. Os dois vão enfrentar-se na primeira ronda da Quiksilver Pro Gold Coast, a etapa inaugural de 2017 – tendo também pela frente o francês Jeremy Flores. A prova australian­a tem início previsto para 14 de março.

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