A reviravolta impossível naquele que terá sido o jogo do ano
Luis Enrique avisou e o Barça fez mesmo seis golos. PSG sai com estrondo. Lance decisivo no último minuto de descontos
Os jogadores do Barcelona festejam o golo de Sergi Roberto que valeu o apuramento
ÉPICO Quem viu, viu, quem não viu tem de ver porque ontem em Camp Nou realizou-se um dos jogos que vão entrar direitinhos para a história do futebol, com uma reviravolta épica (a maior de sempre em jogos da Champions), quase impossível no início do encontro e ainda mais depois de o Paris Saint-Germain ter marcado.
A verdade é esta: o Barcelona precisava de anular os 0-4 que trouxe de Paris e conseguiu-o por um caminho tortuoso. E até começou bem com remate vitorioso de Luis Suárez logo aos três minutos. Ficavam a faltar apenas três golos para o prolongamento e com quase todo o jogo por disputar. Esse lance teve o condão de acalmar os catalães e de desnortear os parisienses, que perceberam que a eliminatória não estava resolvida – e não estava mesmo.
O 0-2 só surgiu aos 40’ e praticamente do nada com um autogolo de Kurzawa, que quis aliviar e acabou por meter a bola dentro da sua baliza.
Ao intervalo Camp Nou estava em completo êxtase. A tão ansiada remontada era possível, parecia um cenário até realista e mais se tornou quando Messi, aos 50’, igualou Cristiano Ronaldo no número de penáltis convertidos na prova milionária (11), num lance em que Meunier pareceu placar Neymar, que começava aqui a sua noite mágica. O árbitro do jogo, o alemão Deniz Aytekin, deu, primeiramente, indicação para pontapé de baliza, mas só quando viu o seu árbitro de baliza posicionado para o penálti resolveu assinalar a marca dos 11 metros.
O anticlímax dos adeptos do Barcelona apareceu pouco tempo depois, aos 62’, com Cavani, que já tinha ameaçado num remate ao poste, a fazer o 3-1. Todos pensaram que a eliminatória tinha acabado, mas os jogadores do Barcelona continuavam a tentar, com pouca convicção é certo, sempre sabendo que precisavam de marcar mais três golos e não sofrer nenhum para seguir em frente.
E o que começou a acontecer aos 88’, quase a seguir à entrada de André Gomes, parece que estava escrito nas estrelas. Neymar fez o 5-1 já nos descontos, depois de Suárez “cavar” uma grande penalidade que o brasileiro assumiu (Messi não quis?) com classe e no
Munique Madrid Barcelona-PSG B. Dortmund-Benfica último lance do encontro o improvável Sergi Roberto fez o 6-1 após centro... de Neymar.
Terminava assim um jogo que fica para a eternidade, uma reviravolta inacreditável e a certeza de que Luis Enrique sabia do que falava quando na véspera tinha deixado o aviso. “Penso que estamos no intervalo. Se o PSG fez quatro golos, nós podemos fazer seis”, referiu na antevisão do encontro sabendo que a primeira mão tinha deixado marcas, a principal redundou no anúncio da sua saída no final da temporada. Até por isso o técnico catalão era um homem bastante contente no final do jogo: “Esta é uma prova de que não perdoa um mau jogo. Demos a volta à eliminatória e imagino que algumas equipas não tenham gostado. O momento-chave? A chave foi a fé que a equipa tinha. Fizemos o quarto, o quinto e até o nosso guarda-redes foi lá à frente para fazermos o sexto.”
Unai Emery responsabilizou tudo e todos. “É difícil analisar este jogo. Não fizemos a partida que queríamos, fizemos o suficiente para manter a eliminatória a nosso favor, mas o adversário, as decisões do árbitro... mas a principal responsabilidade é nossa. No entanto, julgo que o árbitro teve algumas decisões influenciadas pelo ambiente de Camp Nou. Isto vai ser difícil de superar, mas eu sou o primeiro a pensar que vamos conseguir”, disse o técnico espanhol, protagonista de um enorme espetáculo... pelo lado menos desejado.