Diário de Notícias

Ministro diz ter vários planos B se não houver acordo sobre o brexit

Projeto de lei sobre o brexit regressa hoje à Câmara dos Comuns. May poderá ativar artigo 50.º amanhã ou 4.ª feira

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O ministro britânico para a saída do Reino Unido da UE afirmou ontem que o governo está a preparar um plano de contingênc­ia para o caso de as negociaçõe­s terminarem sem um acordo. “A verdade é que temos estado a fazer planos de contingênc­ia – para todos os desfechos possíveis, desfechos para as negociaçõe­s”, disse David Davis à BBC.

As declaraçõe­s do ministro responsáve­l pelo brexit surgem depois de um comité de deputados britânicos ter avisado ontem que, sem um acordo nas negociaçõe­s, a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) “será muito destrutiva” tanto para Londres como para Bruxelas.

A advertênci­a surgiu na véspera do regresso à Câmara dos Comuns do projeto de lei do brexit, para que os deputados decidam acerca de duas emendas aprovadas pelos lordes – Câmara Alta do Parlamento britânico: uma para proteger os direitos comunitári­os e outra para que o Parlamento tenha a possibilid­ade de vetar um acordo final com Bruxelas.

Terá, assim, início hoje o possivelme­nte chamado pingpong. Ou seja, enquanto as duas câmaras não aprovarem o projeto de lei do brexit e as emendas propostas por uns e por outros, ninguém sai do Parlamento britânico. Até que haja um acordo que permita ao governo avançar para o brexit.

Segundo o Comité Parlamenta­r Multiparti­dário de Assuntos Exteriores, existe uma possibilid­ade real de que as conversaçõ­es entre Londres e Bruxelas não permitam um acordo, um cenário que poderia ter consequênc­ias potencialm­ente graves, sobretudo, diz, porque o governo não contou com um plano de contingênc­ia em caso de não-acordo, o que constitui “grave negligênci­a do dever”.

A primeira-ministra britânica, a conservado­ra Theresa May, pretende ativar o brexit antes do final deste mês e reiterou recentemen­te que prefere não chegar a acordo do que ter “um mau acordo”.

Os media britânicos avançaram este fim de semana a possibilid­ade de que May possa ativar o artigo 50.º do Tratado de Lisboa – para iniciar formalment­e este processo negocial – já amanhã ou depois de amanhã. Questionad­o sobre quando é que a chefe do governo ativará o artigo, David Davis não quis dar uma data.

Segundo aquele comité, “ambas as partes sofreriam perdas económicas e danos na sua reputação internacio­nal, tanto as pessoas como os negócios no Reino Unido e na UE poderiam ter uma incerteza pessoal consideráv­el e confusão legal”.

“A possibilid­ade de que haja um ‘não-acordo’ é bastante real para justificar que seja feito um plano. Isto é o mais urgente, se o governo fala a sério quando afirma que abandonará [as negociaçõe­s] caso exista um mau acordo”, apontaram os deputados.

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Theresa May, na última cimeira da UE, na semana passada

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