Diário de Notícias

Korn: o concerto que começou há dez meses e só acaba amanhã à noite A prestação, várias vezes interrompi­da, da banda no Parque da Bela Vista marcou pela negativa a última edição do Rock in Rio, em Lisboa. Agora, nada será como em maio, desde – espera-se

- PEDRO VILELA MARQUES

“Para todos os que estavam no Rock in Rio Lisboa: tivemos uma série de problemas com a eletricida­de no palco esta noite e infelizmen­te não conseguimo­s terminar o nosso set. Sinceras desculpas a todos os fãs de Korn!” Foi um dos momentos que marcou a última edição do Rock in Rio Lisboa, em maio: aquele que era antecipado como o único concerto pesado numa versão especialme­nte suave do festival terminou de forma abrupta ao fim de três frustrante­s tentativas. Cerca de dez meses depois, os Korn, a banda que ajudou a massificar o nu metal, está de volta a Lisboa, agora no Campo Pequeno, para confirmar as promessas fugazes deixadas no Parque da Bela Vista. Mas desta vez com álbum novo para mostrar.

Os fãs de metal, habituados a terem um dia no Rock in Rio dedicado aos seus gostos, já tinham franzido o olho a um dia de cartaz com apenas três bandas, em que os Korn ficaram “entalados” entre os Rival Sons e os Hollywood Vampires, mais centrados num rock‘n’rol tradiciona­l. Mas a verdadeira frustração começou logo aos primeiros acordes de Blind, com o sistema PA da banda a não resistir ao are you ready de Jonathan Davis e à entrada em força dos instrument­os. Vários minutos depois, nova tentativa. Resultado: apenas mais uns segundos de concerto. Mais de uma hora depois do agendado, já sob forte coro de protestos, os Korn subiram ao Palco Mundo uma terceira vez ao som da (pouco) premonitór­ia Here to Stay. Três músicas depois, numa altura em que o público já tinha esquecido os percalços e a banda detonava uma versão de One, dos Metallica, novo apagão. Desta vez sem volta a dar.

Entre os impropério­s e gritos de revolta, também houve fãs que logo se fizeram ouvir a pedir um regresso apropriado – e em nome próprio – dos Korn a Portugal. Um desejo concretiza­do poucos meses depois, em setembro, quando foi anunciado que o Campo Pequeno iria ser um dos palcos a receber a tour euro- peia da banda. Mas desta vez nada será igual (e não falamos só do sistema de som). A setlist dos norte-americanos será diferente da preparada em maio, já com músicas do novo álbum da banda, The Serenity of Suffering, lançado em outubro. Regresso às origens Formados em 1993 em Bakersfiel­d, na Califórnia, os Korn foram uma das bandas que mais contribuír­am para mudar a face do metal alternativ­o, ajudando na afirmação do chamado nu metal. Ainda hoje são uma das poucas bandas no ativo com verdadeiro sucesso dentro do género que abanou o mundo do metal tradiciona­l na transição do milénio mas que parece ter ficado preso na sua época – com recordaçõe­s que variam entre o saudosismo em relação aos System of a Down e o esgar de dor quando ainda se ouve Limp Bizkit.

E ultrapassa­das as crises na sua formação – depois de sair em 2005, após uma conversão ao cristianis­mo, o guitarrist­a Brian HeadWelch voltou à banda há quatro anos – e as críticas negativas a discos mais experiment­alistas (como See You on the other Side ou, muito em especial, The Path of Totality, em que levam ao extremo a exploração da eletrónica) os Korn surgem na segunda metade da década na forma que lhes garantiu o sucesso, com um trabalho que segue a linha de discos como Issues ou do mais agressivo Take a Look in the Mirror e em que se destaca, por exemplo, a participaç­ão de Corey Taylor, o vocalista dos Slipknot, na música A Differente World.

A questão que muitos colocarão é se este regresso às origens, com ênfase total nos ritmos pesados e repetitivo­s – e sem solos – das guitarras de sete cordas, a reclamar saltos das plateias, ainda fazem sentido em 2017 e têm o mesmo efeito que tiveram na adolescênc­ia de há vinte anos, quando ainda eram novidade. Olhando para a tabela de vendas da Billboard, na qual o novo álbum alcançou a quarta posição na sua semana de estreia, parece que sim. Resta esperar pelo concerto de amanhã para perceber se ainda geram a mesma reação “molas nos pés” no público. Assim o sistema de som o deixe. Are you ready?

A setlist dos Korn será diferente da preparada em maio, já com músicas do novo álbum, The Serenity of Suffering, lançado em outubro

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Espera-se que desta vez o sistema de som do Campo Pequeno resista ao are you ready? do vocalista Jonathan Davis

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