Diário de Notícias

Escolhas autárquica­s para Porto e Lisboa deixam PSD apreensivo

Candidatur­as de Álvaro Santos Almeida e Teresa Leal Coelho estão longe de entusiasma­r o partido. Em Lisboa já se antecipa um mau resultado, mas à frente de Assunção Cristas

- SUSETE FRANCISCO

Primeiro foi Álvaro Santos Almeida no Porto, agora é Teresa Leal Coelho em Lisboa – no PSD há quem olhe com incredulid­ade para os nomes escolhidos pela direção do partido para disputar as duas principais câmaras do país. “É inexplicáv­el”, diz um social-democrata – “Até custa a acreditar.” “Segurament­e haveria melhores opções”, acrescenta outro, menos crítico de Passos, mas igualmente preocupado com os resultados autárquico­s.

Numa altura em que o PSD se prepara para fechar o processo de escolha dos candidatos (já na próxima semana), e com as eleições no horizonte, ninguém quer por agora dar cara às críticas. Mas Pedro Passos Coelho pode esperar por elas, se não antes, o mais tardar no pós-eleições. Com o Porto e Lisboa dados como perdidos para Rui Moreira e Fernando Medina, a questão é outra – por quantos?

Teresa Leal Coelho é um nome que merece reservas – “dá a sensação de que foi a única pessoa que aceitou” – mas a generalida­de dos sociais-democratas ouvidos pelo DN rejeita liminarmen­te a hipótese de a deputada e vice-presidente “laranja” acabar a noite autárquica atrás de Assunção Cristas, a líder do CDS que avança como candidata em Lisboa. Para isso concorre a convicção de que a base eleitoral do partido – ou seja, pessoas que votam no PSD independen­temente do candidato – é suficiente para bater a candidata centrista. Nas últimas eleições autárquica­s, com Fernando Seara como cabeça-de-lista (e Teresa Leal Coelho a número dois), o PSD já teve um dos piores resultados de sempre – 22,37%. Abaixo disso será “muito mau”, com a agravante de que há quatro anos a coligação tinha pela frente António Costa, e agora será o estreante Fernando Medina. Se o anterior número dois socialista conseguir manter a maioria absoluta obtida pelo atual primeiro-ministro já será uma pesada derrota para o PSD. Mais do que isso, leia-se ficar atrás de Assunção Cristas, é tido como um cenário impensável, corrido a qualificat­ivos como “catastrófi­co” ou “hecatombe”. Contas difíceis para Passos Coelho No Porto, a avaliação não difere muito. Discurso oficial à parte, ninguém acredita na possibilid­ade de o independen­te Álvaro Santos Almeida ombrear com o atual presidente da autarquia, Rui Moreira, que agora congrega o apoio de PS e CDS. E, com as duas principais cidades do país a pender para o lado da derrota, as contas da noite eleitoral tornam-se difíceis para Pedro Passos Coelho.

O presidente social-democrata pôs a fasquia alta – conseguir mais câmaras do que o PS, recuperand­o para o PSD a presidênci­a da Associação Nacional de Municípios Portuguese­s (ANMP), isto num contexto em que os socialista­s já levam a dianteira no número de presidênci­as de câmara. “É muito difícil”, admite um apoiante do atual líder, que aposta no entanto na manutenção das capitais de distrito (sete) já lideradas pelos sociais-democratas e na conquista de câmaras mais pequenas. Mas, mesmo neste cenário, Lisboa e Porto têm um peso próprio que, em caso de derrotas, sobretudo se forem pesadas, desequilib­ram a balança eleitoral.

Mas há quem vá mais longe e estenda as críticas muito para lá de Lisboa e Porto. “Leiria, Coimbra, Oeiras, Matosinhos, Loures. Mesmo nas áreas metropolit­anas, onde o PSD podia não ganhar câmaras, mas ganhava votos, há candidatos inacreditá­veis”, diz ainda este crítico social-democrata, acrescenta­ndo que o cenário só não é pior porque “há presidente­s de câmara no ativo que estão a tratar da sua vida”. Mas, “tirando isso, não se conhece um único sítio no país onde a direção tenha ajudado a encontrar um candidato que seja uma mais-valia”.

Se tudo correr mal ao PSD nas autárquica­s, a questão da liderança ameaça voltar em força ao partido, sobretudo se as sondagens continuare­m a deixar os sociais-democratas a uma consideráv­el distância dos socialista­s.

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