Diário de Notícias

May critica “obsessão” pelo referendo na Escócia

REINO UNIDO Num discurso em Cardiff, primeira-ministra disse que Sturgeon planeava desde o ano passado usar o brexit como desculpa

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A primeira-ministra britânica, Theresa May, criticou ontem “a obsessão” do Partido Nacionalis­ta Escocês (SNP, na sigla em inglês) pela independên­cia da Escócia, alegando que a líder do governo regional, Nicola Sturgeon, estava a planear desde o ano passado usar o brexit como “pretexto” para uma nova consulta. Theresa May, que vai acionar até ao final do mês o artigo 50.º do Tratado de Lisboa que dá início aos dois anos de negociaçõe­s formais para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), discursou ontem num comício com militantes conservado­res em Cardiff, no País de Gales.

Sturgeon anunciou esta semana que vai lançar o processo para realizar um novo referendo sobre a independên­cia em finais de 2018 ou princípios de 2019, porque a Escócia não concorda com a saída da UE. A região realizou um referendo à independên­cia em setembro de 2014, tendo o “não” ganho com 55% dos votos. Na consulta sobre o

brexit, em junho de 2016, 52% dos eleitores britânicos votaram a favor, mas na Escócia (tal como na Irlanda do Norte), a maioria (62%) votou contra a saída da UE.

No discurso em Cardiff, Theresa May defendeu a “preciosa união” da Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e Gales e condenou o “nacionalis­mo obsessivo e divisor” do SNP, no poder em Edimburgo. “É agora evidente que utilizar o brexit como pretexto para organizar um segundo referendo sobre a independên­cia era o único objetivo do SNP desde junho”, quando os britânicos aprovaram a saída do Reino Unido em referendo, disse a primeira-ministra britânica.

O número dois do SNP e líder dos deputados do partido no Parlamento britânico, Angus Robertson, acusou May de “arrogância” ao tentar bloquear o referendo sobre independên­cia, numa reunião com militantes em Aberdeen. Respondend­o às declaraçõe­s da primeira-ministra na quinta-feira, de que “não é altura” para o referendo, Robertson afirmou: “Que não haja dúvidas, a Escócia terá o seu referendo e as pessoas deste país poderão escolher. Não lhes será negado o direito a escolher.”

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