Manuel Abrantes saiu em liberdade condicional:“Fui linchado publicamente”
O ex-provedor da Casa Pia Manuel Abrantes foi o terceiro dos cinco condenados do processo Casa Pia a sair da cadeia da Carregueira, depois de o médico Ferreira Diniz ter ido para casa com pulseira eletrónica cumprir o resto da pena, a 13 de fevereiro de 2014 – por motivos de saúde – e de Carlos Cruz ter saído em liberdade condicional, a 7 de julho do ano passado.
Manuel Abrantes saiu ontem em liberdade condicional, por ter cumprido metade da pena de cinco anos e nove meses de prisão a que tinha sido condenado, por dois crimes de abuso sexual. O ex-provedor da instituição esteve preso na Carregueira.
Os únicos do grupo de cinco condenados do processo Casa Pia que ainda restam presos são Carlos Silvino, o ex-motorista da instituição, conhecido por Bibi, e o embaixador Jorge Ritto.
O diplomata viu recusado o pedido de liberdade condicional há um ano. Quanto a Bibi, ainda está longe dessa possibilidade pois foi condenado a 18 anos de prisão em 2010.
Manuel Abrantes foi condenado a cinco anos e nove meses de prisão
Tal como Carlos Cruz, também Manuel Abrantes reiterou estar inocente, à saída da prisão, e disse ter esperança de que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos se pronuncie a seu favor. “Fui linchado publicamente”, referiu o ex-provedor, considerando não ser “normal o que se passou no processo Casa Pia”.
“Tudo isto foi erro, para não dizer uma fraude em alguns casos”, disse ainda. Dos cinco condenados, Abrantes era o que tinha a menor pena.
Ainda na fase de julgamento, no final da 84.ª sessão, a 19 de setembro de 2005, Manuel Abrantes acusou “duas senhoras da Provedoria da Casa Pia de Lisboa de terem contribuído para a “destruição” da sua carreira profissional. Foi a queixa apresentada por um dos jovens, considerado a principal testemunha e braço direito de Carlos Silvino, que deu origem a um processo disciplinar a Manuel Abrantes (em 2002).
Carlos Silvino chegou a dizer em tribunal que o ex-provedor não estava envolvido no caso, mas o depoimento do jovem implicou-o.
Quando foi condenado no processo Casa Pia, a 6 de setembro de 2010, Manuel Abrantes ameaçou fazer uma “verdadeira caça ao homem” a quem lhe destruiu a vida. Declarações que obrigaram na altura o seu advogado, Paulo Sá e Cunha, a desculpá-lo, garantindo que não eram ameaças dirigidas contra alguém em particular, apenas uma reação “a quente”.
Manuel Abrantes sempre defendeu que as vítimas tinham sido instrumentalizadas para a realização de outras finalidades.