Pizzi em risco para o clássico: “Ele que não tire o pé com o Paços”
Se vir um amarelo no jogo desta noite, o médio falha o jogo do título. Katsouranis e Veloso viveram casos idênticos e deixam conselhos
Katsouranis e Veloso acham que Pizzi vai a jogo e que não irá sentir-se condicionado por estar em risco de ver um cartão amarelo
Pizzi está a um cartão amarelo de falhar o clássico com o FC Porto, marcado para dia 1 de abril, às 20.30. Hoje, diante do Paços de Ferreira, o médio terá por isso que tomar cautelas para não ser admoestado pelo árbitro João Pinheiro, caso contrário fica de fora de um dos principais jogos da temporada. Fundamental no onze de Rui Vitória, poderá Pizzi sentir-se condicionado no jogo de hoje na Mata Real? António Veloso e Katsouranis, ex-jogadores do Benfica que passaram por situações idênticas em vésperas de jogos importantes, acreditam que Pizzi não sentirá pressão extra.
“O importante é mesmo não pensar nessa situação. Tem de jogar da mesma forma, sem receios, sem pressão. O Pizzi atua numa posição determinante, de transição, se for para o jogo a pensar nisso pode ser prejudicial para a equipa e para ele. Uma hesitação pode provocar um contra-ataque rápido ou a interceção de uma bola para o ataque. Tenho a certeza de que ele não irá pensar no cartão, já é muito experiente. É importante que ele não tire o pé com o Paços. Se o jogo estiver resolvido cedo acabará por sair”, referiu ao DN o ex-benfiquista Katsouranis, que passou por situação idêntica em 2008-2009, quando estava a um amarelo de falhar o jogo com o FC Porto (terminou empatado, 1-1).
“Lembro-me dessa situação, penso que também tive outras. É um jogo que ninguém quer falhar, mas fiz o meu trabalho da mesma forma, disputei todos os lances sem receio de ver um cartão”, acrescentou o internacional grego.
Se Katsouranis não falhou o jogo com o FC Porto nessa altura, já António Veloso, ex-capitão do Benfica, não pode dizer o mesmo da final da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1990, diante do Milan, que os encarnados acabariam por perder por 1-0. No jogo da segunda mão das meias-finais, dian- te do Marselha, na Luz, o antigo lateral-direito viu o amarelo que o afastou do jogo decisivo. Hoje diz que faria o mesmo. “Sim, sem dúvida. Estamos a falar de um lance contra o Papin, um avançado fora de série, que em dez lances ganhava nove e poderia marcar golo. Lembro-me de que o acabei por empurrar e ver o amarelo, mas hoje voltava a fazer o mesmo, não tenho dúvidas”, disse António Veloso ao DN, deixando conselhos a Pizzi.
“Tenho a certeza de que nenhum jogador que esteja em risco vá para um jogo a pensar nisso. Ninguém pensa que vai levar um cartão, se estivermos obcecados com isso é que acabamos por levar. Ele tem de jogar como faz normalmente, a equipa precisa dele a 100%. Aliás, se o treinador pensasse que ele jogaria de forma diferente de certeza que não o colocaria em campo. Para isso era melhor jogar outro. Tem de ir para campo sem receios e limpar isso do pensamento, jogar sem medo”, assinalou o ex-lateral-direito que acredita que o risco de falhar o próximo jogo se vir um amarelo nunca está no pensamento de Pizzi.
“Prova que ele não pensa nisso é que há muito tempo que está nessa situação e nunca levou. Poderia ter limpo os amarelos e não o fez antecipadamente. É sinal que está empenhado ao máximo no que está a fazer em campo e isso é que interessa. Se acabar por ver um frente ao Paços de Ferreira, o Benfica terá um substituto à sua altura para o FC Porto. Importante, para já, é dar 100% diante do Paços de Ferreira”, referiu o antigo internacional português. I LIGA Rui Vitória, treinador do Benfica, desvalorizou o facto de Pizzi estar à beira do quinto cartão amarelo, dando a entender que vai utilizar o médio no jogo desta noite, 20.30 (Sport TV1) frente ao Paços de Ferreira. “Não posso pôr uma gestão de um cartão à frente da gestão da equipa. A gestão da equipa é o mais importante. O Pizzi podia falhar o jogo de Paços? Não é um jogo importante? Não sei se ele amanhã [hoje] vai jogar, mas o que sei é que este é um jogo mais importante do que o que vem a seguir”, disse.
Para Rui Vitória, “o mais importante é a gestão da equipa”. “Não podia tirar um, dois ou três jogadores de um núcleo de elementos fundamentais. E não tem que ver com o valor dos jogadores, mas sim com características. Não se pode mexer de uma assentada em três peças, a menos que seja por motivos que não podemos controlar”, referiu.
Quanto ao Paços, clube que já orientou no passado, o treinador do Benfica espera “um jogo duro”. “Respeitamos muito um adversário que tem bastante qualidade e jogar em Paços agrada-me, é um regresso que me dá um prazer enorme, mas há essa vontade clara e inequívoca de conseguir os três pontos”, disse o treinador, confirmando que o lateral-direito Nélson Semedo está em condições de ser utilizado. Já Fejsa, lesionado, voltou a ficar de fora da lista de convocados.
Vitória diz que gestão da equipa é mais importante do que um cartão