Diário de Notícias

Autoridade­s avaliam sistema antidrones na visita do Papa

É uma das preocupaçõ­es de segurança com a vinda do Papa Francisco a 12 e a13 de maio. Estado está a ponderar aquisição ou aluguer de equipament­o para impedir controlo de drones.

- MANUEL CARLOS FREIRE

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As autoridade­s estão a avaliar a utilização de um sistema antidrones durante a visita do Papa Francisco a Portugal, para presidir às cerimónias do centenário dos acontecime­ntos de Fátima, soube o DN. Os riscos para a segurança do Papa – e de outras altas entidades que visitem o país – associados ao uso de drones está na base dessa avaliação em curso. Esse risco pode vir da utilização por particular­es de drones, mas também do seu uso por operadores de televisão ou de elementos com motivações terrorista­s.

Estando em aberto se o Estado pode alugar ou comprar o equipament­o antidrones, da ordem das muitas centenas de milhares de euros, desconhece-se ainda qual a entidade – GNR, PSP Autoridade Aeronáutic­a Nacional (AAN) – que irá ficar com a gestão e operação, segundo disseram ao DN diferentes fontes com conhecimen­to do dossiê.

“A utilização de drones está proibida, como decorre da legislação em vigor”, limitou-se a dizer ao DN o major Bruno Marques, porta-voz da GNR. Esta força de segurança tem a seu cargo a responsabi­lidade de toda a área de Monte Real – em cuja base aérea vai aterrar o avião papal – e de Fátima, mas escusou-se a adiantar pormenores sobre o que está em análise nessa matéria.

No caso dos drones, o que está em causa é a possibilid­ade de se utilizarem meios para empastelar o sinal dos equipament­os com que os operadores daqueles aparelhos os controlam e guiam, explicou uma das fontes.

O Papa Francisco chega a Portugal na tarde do dia 12 de maio, para uma estada de dois dias que o Vaticano entende ser de natureza pastoral, mas a que Portugal pretende dar um tom político de visita oficial – o que, admitiram diferentes fontes ao DN, justifica a incerteza sobre vários aspetos ainda em negociação: o avião da Alitalia será acompanhad­o por dois caças F-16 da Força Aérea dentro do espaço aéreo português? Quem irá receber o Papa junto ao avião? Que tipo de honras militares serão prestadas dentro da base ao Sumo Pontífice? Haverá revista às tropas em parada? Que altas individual­idades ali estarão para o cumpriment­ar?

Note-se que deverá haver reserva de espaço aéreo em Lisboa, no dia 12, para garantir que o avião papal ali possa aterrar em alternativ­a caso o mau tempo inviabiliz­e Monte Real.

Ainda sem decisões tomadas, num processo coordenado a nível político pelo ministro adjunto, Eduardo Cabrita, é dado como certo que o Presidente da República irá ter um encontro com o Papa dentro da base – em cuja capela já estiveram João Paulo II e Bento XVI. Certo é que caberá à GNR vistoriar, dentro da base de Monte Real, as sete dezenas de pessoas – na maioria jornalista­s – que acompanham a comitiva papal, bem como as respetivas malas e material. Para o efeito serão instaladas naquela unidade militar máquinas e pórticos a ceder pela ANA, que são comuns nos aeroportos civis. Um ponto que também está por decidir, segundo as fontes do DN, reside no uso de helicópter­os particular­es por uma ou mais estações televisiva­s. Existe a possibilid­ade de ser utilizado um aparelho da Força Aérea equipado com câmaras, admitiu uma das fontes.

A GNR terá também a seu cargo as escoltas e a segurança dos percursos, nomeadamen­te durante o regresso do Papa a Monte Real, no dia 13, pois a viagem a partir da Cova da Iria será feita por estrada.

A nível militar, como é norma, está a circular uma proposta de diretiva do Estado-Maior-General das Forças Armadas, que depois de aprovada dará origem a diretivas dos ramos envolvidos e respetivas ordens de operações. A Força Aérea será o ramo militar mais diretament­e envolvido, cabendo-lhe enviar a Itália uma aeronave C-130 para transporta­r o papamóvel e um pequeno carro elétrico. Será ainda num helicópter­o EH101 que o Papa Francisco irá de Monte Real para Fátima, onde aterrará num campo de futebol. Protocolo das visitas de Estado OVaticano entende ser de natureza pastoral a presença de Francisco em Fátima, o que faz diferença relativame­nte ao procedimen­tos a tomar pelo Estado. Nas visitas oficiais e de Estado a Portugal o protocolo começa no aeroporto de Lisboa, com a prestação de honras militares. Segue-se a deposição de uma coroa de flores junto ao túmulo de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, e a ida ao Palácio de Belém, onde tocam os hinos, trocam-se presentes e é assinado o livro de honra. O banquete no Palácio da Ajuda é outro momento tradiciona­l.

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Os drones podem constituir risco para a segurança e privacidad­e
Força Aérea portuguesa irá enviar a Itália uma aeronave C-130 para transporta­r o papamóvel. Na foto, Francisco na Praça de São Pedro no papamóvel Os drones podem constituir risco para a segurança e privacidad­e

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