Diário de Notícias

Bué, cool e fun. Eis as contas poupança dos bancos

Marketing das instituiçõ­es financeira­s usa termos juvenis. Deco desaconsel­ha recurso a contas jovem por falta de rentabilid­ade

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PRODUTOS Os produtos para a poupança de crianças e jovens fazem cada vez mais parte das ofertas dos bancos, com os nomes dessas contas a incluir vocabulári­o juvenil, como bué, cool e fun. Oferecem brindes aos miúdos e são muitas as ofertas no mercado embora não seja possível contabiliz­ar o volume que este tipo de contas representa. O Banco de Portugal, a pedido do DN, informou que “não dispõe de informação estatístic­a sobre contas poupança criança/júnior, em termos do número de contas constituíd­as e dos montantes aplicados.”

O banco central, contudo, diz acompanhar a situação deste tipo de produtos. “O departamen­to de supervisão comportame­ntal do Banco de Portugal, através da área de inspeção, fez um levantamen­to dos produtos comerciali­zados pelas dez principais instituiçõ­es em termos de número total de contas”, disse o Banco de Portugal (BdP) através da sua direção de comunicaçã­o.

A contabilid­ade em nove bancos chega aos 23 produtos de contas destinadas ao universo juvenil (ver quadro), com o Montepio Geral, uma caixa económica, a deter o maior número de contas. O BdP diz que estes produtos devem ser analisados e recomenda a leitura nos sítios da internet dos bancos, “onde são disponibil­izadas as fichas de informação normalizad­a destes depósitos, com as suas caracterís­ticas e as condições que lhe são aplicáveis”.

O BdP dá muita importânci­a à educação financeira. “Deve começar desde cedo e acompanhar as várias etapas do desenvolvi­mento pessoal, intelectua­l e cívico dos jovens. Só assim se pode ambicionar transforma­r atitudes e comportame­ntos.” As crianças e jovens transmitem conhecimen­to e também “cada vez mais precocemen­te são consumidor­es de produtos e serviços financeiro­s”.

A mesma atenção, embora noutro plano, é dada pela Deco, que acentua a formação para a necessidad­e de poupar. O mealheiro é uma forma de educar para a poupança, mas a Associação de Defesa do Consumidor analisou as contas poupança juvenis a nível de rentabilid­ade e concluiu que o retorno é muito baixo.

“O mais habitual são as contas de poupança, mas a maior parte rende praticamen­te zero”, disse ao DN António Ribeiro, analista financeiro da Deco, notando que a última avaliação feita pelos analistas da associação foi em 2016, mas desde aí não se terão registado mudanças muito significat­ivas. “É uma solução muito pobre, com taxas de juro sempre abaixo de 0,5%.”

Por isso, a recomendaç­ão aos pais é que optem por produtos com maior rentabilid­ade. “Propomos duas soluções. Uma, com prazo a cinco anos, são os certificad­os do Tesouro. Mas exige um mínimo de mil euros. É o produto mais rentável de momento”, explica António Ribeiro. A segunda, a dez anos, é o fundo misto, “com investimen­to em ações e obrigações. É verdade que o valor vai variando em função da cotação, mas a longo prazo é sempre a valorizaçã­o que se obtém. E é possível fazê-lo com valores mais pequenos.” D.M. Produtos em comerciali­zação nas principais instituiçõ­es bancárias

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